— Alice, você vem ou não? — Alex chamou sua irmã pela porta entreaberta de seu quarto.
Alice estava sentada em frente ao seu espelho de parede, com uma moldura de madeira dourada e com flores de cor lilás entalhadas. Seus olhos verdes ficaram mais brilhantes com a luz que o espelho refletia. Uma leve brisa entrava pela janela e agitava seus longos e ondulados cabelos vermelhos. Olhava para seu reflexo com um ar de dúvida, virou sua cabeça em direção a seu irmão e o viu com a cabeça metade dentro e metade fora de seu quarto.
— Ah sim, já estava descendo — Alice fez uma pausa. — Alex, venha aqui um pouco.
Alex era alto e forte, tão bonito quanto Alice, tinha cabelos lisos e castanhos que caíam sobre seus olhos cor de âmbar, quase os escondendo. Sentou na cama ao sinal de sua irmã, ele a olhou atentamente e percebeu que ela estava diferente, não aparentava seu costumeiro ar sorridente e seu olhar brincalhão também não estava presente. Sentiu uma angústia ao ver sua irmã desse jeito.
— Alex, sabe que confio todos os meus segredos a você, mais do que em qualquer outra pessoa — disse com a cabeça levemente abaixada, levantou-a e continuou. — Preciso muito lhe contar uma coisa. Pode ser bobagem, mas preciso dizer.
— Sim. Foi o Marcos? Aquele imbecil andou mexendo com você outra vez? — Alex se levantou da cama num pulo.
— Não, ele nem está falando comigo. O que eu prefiro, já que ele é mesmo um imbecil. Só que o assunto é outro. Eu tive um sonho não muito agradável essa noite e estou com um péssimo pressentimento. Como se algo fosse acontecer.
Alex encarou a irmã por um instante, depois foi até ela e a abraçou dizendo:
— Não se preocupe, é por isso que existem os pesadelos, para nos deixar assustados. Foi só um sonho ruim, esqueça — disse para tranquilizá-la — Venha, temos que ir até a sorveteria. Nossos amigos estão esperando.
Com um aceno afirmativo de cabeça ela se levantou, apanhou sua carteira na cômoda e acompanhou o irmão. Desceram as escadas de sua casa, deixando um recado no mural. Ao passarem em frente ao escritório ouviram sua mãe e seu pai conversando sobre economia, finanças e outros assuntos pelos quais Alice não se interessava muito.
Ela ainda não entendia o sonho que tivera, sentia em seu interior que aquilo fora um sinal. Mas não queria estragar seu dia pensando em um pesadelo. Apenas afastou aquilo de sua mente por ora. Após saírem de casa desceram até um ponto de táxi e pediram ao taxista que os levasse até a sorveteria.
O táxi parou em frente a um lugar onde pessoas entravam e saíam, era um prédio pintado de azul-claro e no alto havia um letreiro onde se lia: Sorveteria Fada Azul.
Inclinada sobre o letreiro havia a imagem de uma moça pálida que sorria, ela usava um vestido azul-claro até os joelhos. Tinha cabelos azuis arroxeados e um par de asas transparentes que abriam e fechavam. Alice desceu do carro e aguardou parada em frente à porta do estabelecimento, enquanto Alex pagava o motorista. De repente, seus olhos foram cobertos por mãos macias com dedos longos seguidos de um "adivinha quem é" sussurrados ao pé de seu ouvido.
— Pela voz eu diria que é o Otávio. Mas como suas mãos são maiores... É você... Catherine! — livrando-se das mãos que a segurava, Alice virou-se e viu seus melhores amigos.
Catherine Portinelli era alguns centímetros mais alta que Alice. Tinha olhos castanhos, cabelos negros e encaracolados com suas pontas douradas. Usava um short jeans e uma camisa amarela listrada.
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Alice e o Templo Elemental
FantasiDuas coisas ocupam a mente de Alice: os sonhos estranhos onde uma voz lhe chama e o fato de seu irmão não acreditar nela. Isso muda quando os dois, acompanhados de amigos, fazem uma visita à chácara de sua avó. Alice se vê obrigada a confrontar uma...