Sussurros. Era esse o único som que conseguia ouvir. Ou, pelo menos, era o que ela imaginava ouvir. Várias vozes ecoavam em sua cabeça. Porém, ela não distinguia de quem eram ou de onde vinham e muito menos o que diziam.
Quando enfim conseguiu abrir seus olhos, percebeu que não estava na sorveteria, e sequer sabia que lugar era aquele. Olhando à sua volta, viu que se tratava de uma cabana de madeira. Móveis entalhados em madeira, de forma rústica, estavam revirados e cobertos por pó e teia de aranha. Alguns feixes de luz entravam pelo teto da cabana, coberto por palha grossa. Alice notou que o lugar em que estava parecia ser um quarto, pois viu uma cama próxima a uma janela fechada com tábuas.
Andou para fora do quarto e deparou-se com a mesma cena, móveis caídos e, até mesmo, quebrados. Um pedaço de papel estava sobre a mesa coberta de pó. Deveria estar ali há muito tempo, visto que estava amarelado. Alice quase não conseguiu distinguir o que estava escrito, as letras estavam quase se apagando, mas, com muito esforço, conseguiu ler. Com uma caligrafia fina e delicada estava escrito:
"Laila, querida, se encontrar esse bilhete, deve urgentemente escondê-la, mantê-la em segurança até que esteja pronta. Os dois mundos precisam dela. Somente ela poderá deter a Imperatriz, sabemos o perigo que ela corre se permanecer aqui. Leve-a para a Caverna do Norte, até que consigamos atrasar a Imperatriz. Morgan estará esperando por vocês lá. Não permita que nada aconteça à nossa pequena A".
Nesse ponto Alice parou de ler, pois o papel estava com um pedaço faltando. Sabia que isso era errado, mas pôs o papel em seu bolso traseiro. Sentiu que precisava guardá-lo. Caminhou até a porta que dava acesso à saída da cabana. Quando empurrou a porta, uma luz branca fortíssima ofuscou sua visão. Tapou seus olhos.
"Alice"!
Ouviu uma voz chamando-lhe. Abriu seus olhos e viu Catherine, Alex e Otávio olharem-na com olhares curiosos e espantados. Sentiu uma lágrima escapar de seu olho direito. Alice a limpou e viu que seus olhos ainda estavam incomodados com a forte claridade que presenciara há pouco.
— O que foi, por que estão me olhando assim? — Alice perguntou atônita.
— É que você estava de olhos fechados e começou a pronunciar algumas palavras. Quem é Laila? — disse Catherine.
Alice ficou confusa. Não tinha a menor ideia de quem fosse Laila, também não sabia dizer por que seus olhos estavam tão irritados, se o ambiente que estavam era dotado de uma boa iluminação. E o que mais lhe intrigava era ter visto aquelas imagens. Será que ela adormecera enquanto estava ali? "Não posso ter cochilado aqui", pensou, e teve sua comprovação com os olhares incisivos de seus amigos e de Alex. Não tinha as respostas nem para si mesma, quanto mais para os demais.
— Eu não tenho muita certeza. Não quero mais ficar aqui. Será que vocês podem me dar licença? — perguntou sem olhar para nenhum deles.
— Tudo bem Alice, nós vamos com você — disse Otávio.
Assim que pagaram e saíram, decidiram ir até a praça de eventos que ficava localizada não muito longe dali. Alice percorreu o caminho inteiro perdida em pensamentos, Otávio contava a Catherine uma de suas façanhas de pescaria durante um torneio de pesca que havia ocorrido alguns dias atrás.
Alex notara que sua irmã ficara para trás e decidiu esperá-la. Assim que ela se aproximou, ele passou seu braço direito por sobre o ombro dela e bagunçou seus cabelos, fazendo com que a garota abrisse um sorriso.
— Que tal me explicar o que foi aquilo que aconteceu com você?
Ela hesitou, ainda estava confusa, não sabia o que dizer e nem por onde começar. Pensou e achou melhor dizer a ele quando fossem para casa. Acelerando o passo alcançaram seus amigos. A praça estava lotada de pessoas que caminhavam, jogavam futebol ou basquete e alguns idosos exercitavam-se em uma área destinada a eles.
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Alice e o Templo Elemental
FantasyDuas coisas ocupam a mente de Alice: os sonhos estranhos onde uma voz lhe chama e o fato de seu irmão não acreditar nela. Isso muda quando os dois, acompanhados de amigos, fazem uma visita à chácara de sua avó. Alice se vê obrigada a confrontar uma...