O dia amanheceu quente e agradável. Como se a noite passada não tivesse passado de um sonho ruim. Alice viu que, suas roupas estavam limpas e foram deixadas aos seus pés. O barulho de água num cômodo anexo ao quarto indicava que Catherine estava tomando banho. Uma fisgada no braço esquerdo de Alice a fez olhar para a dobra de seu braço. Deveria ter ferido o braço, acabara não vendo isso, mas alguém vira e fizera-lhe um curativo. Uma batida na porta. Selina entrou com uma bandeja de café da manhã. Um suco de laranja em uma jarra de cristal brilhante, alguns pãezinhos e uma maçã verde.
Sorriu e deixou sobre o criado-mudo. Abriu a janela e uma lufada de ar fresco invadiu o quarto. Ajeitou as cortinas e saiu. Catherine saiu do banheiro enrolada em duas toalhas brancas e comentando sobre como é tomar banho de tina, coisa pela qual ela nunca tinha passado. Terminou de secar-se e vestiu suas roupas, que também estavam limpas e os estragos haviam sido consertados, quase imperceptíveis. Catherine olhou para Alice que olhava para a bandeja sem piscar, pensativa. Estalou os dedos na frente de sua amiga trazendo-a de volta a realidade. Alice calmamente olhou para Catherine.
— Que loucura não amiga?! — Catherine riu passando uma escova em seus belos cachos. — O que será que estarão pensando lá em Itapeva? Será que estão nos procurando?
— É, espero que não fiquem muito preocupados — Alice disse, querendo parecer tranquila. Fez uma pausa. — Ah meu Deus, é claro que eles vão ficar muito preocupados.
— Então a minha amiga Alice é uma bruxa. Isso explica muita coisa não? — Catherine ironizou, como sempre. — Que tal me ajudar com os brincos agora?
— Ah, cala boca — riu Alice jogando um pedaço de pão em Catherine que se abaixou rapidamente. — Agora temos de nos preocupar em como voltar.
— Ou como impedir a Imperatriz! — Catherine parou e cruzou os braços, ficando séria.
— Isso é muito sério. Não temos certeza de com o quê ou quem nós estamos lidando! — Alice sentou-se na cama e jogou os lençóis para o canto. — Precisamos conversar seriamente sobre esse assunto.
— Certo, então conversaremos na sala, agora se vista e termine seu café ou o contrário se quiser — Catherine saiu do quarto dando algumas gargalhadas.
Era realmente inacreditável para Alice crer que sua amiga ria das mais diferentes situações, quaisquer que fossem elas. Tomou um banho rápido. Vestiu-se e foi até a sala. Otávio e seu irmão estavam conversando com Samuel. Ou melhor, o estavam interrogando. Queriam saber se as transformações não causavam qualquer tipo de dano a eles. Samuel negou. Dissera apenas que de vez em quando causava um pouco de desconforto, dependendo do animal que eles decidiam assumir a forma.
— Samuel, eu fiquei me perguntando, vocês disseram ontem que todas as criaturas mágicas existem. Vampiros e lobisomens estão incluídos nessa lista de seres fantásticos existentes? — perguntou Catherine com os olhos brilhando. Sempre amou as histórias que envolviam vampiros e lobisomens. Ainda mais aquelas histórias que via, que envolviam uma garota inocente e um vampiro ou lobisomem num romance.
— Vampiros sim, apenas os lobisomens que não! — respondeu Selina se juntando a eles.
— Mas porque não? — Otávio quem indagou.
— Simplesmente por isso. — Samuel ficou em pé, no mesmo lugar que sua irmã.
Aos poucos, sua pele foi se rasgando e pelos longos e cinzentos foram crescendo no lugar. Seus membros foram crescendo e dando lugar para patas enormes. Caiu de quatro. Grandes olhos azuis riscados com linhas de cor violeta brilharam. Ele se transformou num lobo imenso, devia ter uns dois metros de comprimento e aparentava pesar cento e cinquenta quilos, andou calmamente até Catherine, que estava com os olhos arregalados.
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Alice e o Templo Elemental
FantasiDuas coisas ocupam a mente de Alice: os sonhos estranhos onde uma voz lhe chama e o fato de seu irmão não acreditar nela. Isso muda quando os dois, acompanhados de amigos, fazem uma visita à chácara de sua avó. Alice se vê obrigada a confrontar uma...