"Veja o que você fez
Estou ficando dormente
Eu estou ficando entorpecida, querido"
— Numb To The Feeling, Chase Atlantic.
✼ ✼ ✼
Foram três longas aulas preenchidas por comentários de prestígio sobre a faculdade e seus alunos exemplares. Lembrei-me da noite de sábado, quando o garoto moreno prensou o outro rapaz na parede.
Alunos exemplares. Quis rir.
Cora me cutucou, chamando minha atenção.
— Ele fazia um oral de matar — ela comentou, se referindo ao garoto ruivo da boate.
Revirei os olhos. Ela estava claramente entediada e resolveu preencher os últimos minutos restantes de palestra com comentários sexuais.
— Não estou vendo nenhum velório —debochei, séria.
— Você é amargurada assim porque nunca chegou lá — ela me alfinetou.
— Não é verdade.
Eu já havia chego lá. Sozinha.
— Não é a mesma coisa — Cora cochichava. — O imprestável do Nick não serviu nem pra isso.
A menção do meu ex namorado fez meu corpo tremer. Apertei os olhos, afastando as lembranças ruins.
— Ele tentava — tentei evitar, mas acabei rindo.
— Você tinha que fingir e inflar o ego daquele imbecil! — Ela exclamou.
A censurei com os olhos e ambas caímos na gargalhada, como se o peso das lembranças que o meu antigo relacionamento carregava fossem engraçadas.
Elas eram tudo, menos engraçadas.
— O oral daquele ruivo poderia mesmo ter te matado.
Cora levou a mão ao peito com um ressentimento falso estampado no rosto.
— Você não viveria sem mim.
O sinal soou, interrompendo o homem grisalho e fadigado que falava sem parar. Todos levantaram simultaneamente e se dirigiram à saída da sala.
Cora andava mais à frente e eu, por conta do aglomerado de pessoas, acabei ficando para trás. Logo a silhueta da minha amiga e seus cabelos azuis desapareceram do meu campo de visão.
Tirei o celular do bolso.
Alyssa Hawley:
Cora, onde você está?Apertei em enviar e continuei andando, os olhos presos à tela enquanto eu esperava por uma resposta de Cora. Esbarrei em alguém no caminho, no entanto. Meu celular, com o impacto, fora parar no chão.
— Inferno! — Praguejei, me abaixando para juntar o aparelho do chão. — Você é cego ou...
Parei de falar assim que levantei a cabeça e o vi.
Seus glóbulos azuis estavam atentos, porém, sem nenhum vestígio de interesse.
— Quem estava andando por aí mexendo no celular era você — ele deu de ombros. — Ou você vai fingir que eu estou errado? Ouvi dizer que você é boa em fingir.
— O quê? — perguntei.
Que cara mais sem noção.
Fingir? Do que ele está falando?
— Ah, entendi. Você vai se fingir de desentendida — ele falou, abrindo um sorriso de lado.
Uma pequena argola pendia no seu lábio inferior. Ele umedeceu a boca avermelhada com a língua, convencido por ter toda a minha atenção direcionada àquele lugar em específico.
— Vá se ferrar — soltei, logo após recobrar a sanidade.
O fuzilei com o olhar, esbarrando em seu ombro propositalmente quando continuei andando.
— Não finja que você não gostou de mim, Docinho — ele falou mais alto enquanto eu me afastava.
Ergui o dedo do meio para ele e o ouvi gargalhar.
E rindo daquele jeito você parecia inofensivo, Hunter. A presa ao invés do predador.
Mas eu estava equivocada em relação à isso. Em relação a você.
Quem seria caçada e destroçada seria eu.
Você era um predador nato, e eu, a sua próxima vítima.
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Crossroad (EM REVISÃO)
RomanceO que é pior, novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deveriam ter sarado anos atrás mas nunca o fizeram? Obs.: Pode conter palavras de baixo calão, descrições sexuais e uso explícito de bebidas e outras drogas. → Revisor...