"Eu sempre soube que você seria aquele que iria me derrubar
Não, não é divertido
Ser a garota que você acertou e correu
Queria que você se sentisse culpado pelas coisas que fez"
- Find What You're Looking For, Olivia O'brien.
✼ ✼ ✼
Me assusto quando a porta do apartamento é escancarada e dou mais um pulo quando Cora bate a porta com força após passar pela mesma.
- Deixei um bilhete para você antes de sair - indico o papel em cima da mesa. - Mas, no fim, voltei antes de você.
Ela força um sorriso, encolhendo os ombros.
- Desculpe por isso.
Dou de ombros.
- Espero que tenha mesmo transado por nós duas - brinco, estranhamente não sendo acompanhada por ela. - O que foi?
Ela anda até mim, sentando ao meu lado no sofá e me encarando com seriedade.
- Homens são horríveis às vezes.
Enrugo a testa, confusa.
- Brigou com o Peter?- Indago.
- Não. Quer dizer, sim - ela chacoalha as mãos. - Só... Homens são horríveis.
- Tá legal...? - Minha afirmação soa mais como uma pergunta.
- Certo. Vou dormir.
Ela se levanta, inquieta e, antes de me dar às costas, me oferece um sorriso nervoso.
[...]
Anoto e sirvo as mesas com precisão. Hailey faltou hoje pois estava gripada, de acordo com Sid, o cozinheiro. Sendo assim, faço todo o trabalho em dobro.
- Eu vou querer um suco de melancia - uma senhora olha atentamente os vários sabores de suco no cardápio.
- Um suco de melancia - repito. - É pra já.
- Não, não - ela me impede de lhe dar às costas. - Acho que vou querer um de laranja - ela pausa novamente, sem tirar os olhos do cardápio. - Ou um de morango seria melhor?
Qualquer um, velha, penso.
- Um suco de uva - ela conclui, enfim me encarando.
As rugas ao redor dos seus olhos se acentuam quando ela me lança um sorriso gentil, e quase me arrependo de ter tido vontade de esfregar seu rosto contra o cardápio minutos atrás. Quase. Sorrio de volta, lhe dando às costas e me dirigindo ao balcão antes que ela tenha a oportunidade de mudar de ideia sobre a droga do suco.
- Um suco de uva - berro, sem me dar ao trabalho de entregar o papel com o pedido escrito para Sid.
Apoio o cotovelo no balcão e me preparo para mais um cliente indeciso quando a porta se abre e o sininho toca. Sei que carrego uma expressão nada amigável e não estou sendo nada receptiva com os clientes, mas quem pode me culpar? Faço o máximo para, pelo menos, não ser mal educada.
Antes de me virar em direção a porta, tento por um sorriso no rosto, no entanto, o sorriso forçado provavelmente me deixa ainda mais assustadora. Como um animal exibindo seu dentes afiados.
É melhor Hailey melhorar até amanhã.
Me viro, esperando encontrar mais um senhora fofinha que vá me tirar do sério, porém, tudo que encontro é um Hunter acuado se aproximando. Ele ergue os olhos até mim e, quando volta a fitar o chão, fica ainda mais acuado, curvando os ombros e enfiando as mãos nos bolsos do jeans rasgado.
Uau, devo estar mesmo assustadora.
Volto a me apoiar no balcão quando vejo que ele não procura uma mesa para se acomodar, e, sim, começa a andar até mim. Ele não se aproxima o suficiente para que eu consiga tocá-lo, tampouco sentir seu cheiro.
- Hunter - chamo. - Está tudo bem?
Quando tais palavras saem da minha boca, ele ergue a cabeça depressa. Sua íris azuis límpidas tremeluzem em confusão. Alívio. Seus lábios se repuxam em um sorriso minúsculo, nervoso.
-Você está bem? - Indaga.
Franzo as sobrancelhas, o achando um tanto estranho, contudo, me limito a dar de ombros.
- Hailey faltou hoje, então estou trabalhando em dobro. Mas, sim - balanço os ombros novamente, - estou bem.
O moreno recua mais dois passos, como se alguém tivesse o empurrado.
- Hailey?
- A garçonete que trabalha comigo.
Ele fica estático por um instante, seus olhos nublados. Um caos.
- Ei - me afasto do balcão e me aproximo dele. - Está tudo bem?
Ele não recua quando toco seu ombro, mas seu corpo inteiro retesa. Ele apenas concorda com a cabeça e, quando volta a me encarar, relaxa um pouco. O sininho toca novamente, indicando um novo cliente.
- Hawley, pare de paquerar e vá trabalhar - Sid fala da cozinha, alto o suficiente para que algumas pessoas dentro do estabelecimento olhem ao redor à procura do dono da voz.
Reviro os olhos, soltando um "já vai, porra" baixinho.
- Eu tenho que ir - indico a lanchonete com as mãos. - O dever me chama.
Sorrio para o moreno, que solta um riso nasalado e concorda com a cabeça em resposta. Ele se vira e, antes de sair do lugar, me olha por cima do ombro e sorri mais uma vez.
- Hawley! - Sid berra.
Reviro os olhos.
É melhor Hailey melhorar até amanhã.
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Crossroad (EM REVISÃO)
RomanceO que é pior, novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deveriam ter sarado anos atrás mas nunca o fizeram? Obs.: Pode conter palavras de baixo calão, descrições sexuais e uso explícito de bebidas e outras drogas. → Revisor...