16 | Três perguntas

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"Talvez eu não seja do tipo amorosa

Eu só quero ter prazer

Eu não quero esperar mais

Vamos fazer no chão da cozinha

Me dê o que eu estou pedindo

Eu só quero ter prazer"

- Get Some (feat. Kamille), Ghosted.

O som das minhas risadas ecoava por todo o apartamento, irregulares e sem sentido.

Uma taça havia se transformado em duas, depois em três e, assim, sucessivamente, uma garrafa de vinho já tinha sido esvaziada.

- Não faz o menor sentido - levei a taça até a boca, batendo os dentes na borda da peça de vidro quando mais uma gargalhada me escapuliu. - Como o Bob Esponja consegue fazer uma fogueira no fundo do mar? É impossível!

Hunter ergueu as sobrancelhas, nem um pouco embriagado como eu. Ele havia tomado umas três taças, no máximo, e parado antes de ficar bêbado.

- Você já tentou?

Rolei os olhos.

- É lógica.

Ele deu de ombros, rindo quando as palavras se embolaram na minha língua.

- Não é justo - lamuriei. - Você não bebeu nem um terço do que eu bebi, estou em desvantagem aqui.

Ele riu, cutucando sua taça vazia.

- Eu não gosto de encher a cara - ele ergeu seus olhos até os meus -, como você que, aparentemente, gosta.

Se eu não estivesse inerte demais para tal coisa, teria ficado ofendida. No entanto, soltei mais uma risada.

- Por quê? - ele voltou a encarar sua taça, dispensando minha pergunta silenciosamente. - Qual é, Hunter, eu não sei nada sobre você.

Ele suspirou, murmurando para si mesmo:

- Foda-se.

Me arrastei pelo chão da cozinha, onde estávamos sentados e, parando ao seu lado, bati meu joelho no seu.

- Pode falar comigo, se quiser.

Ele soltou o ar dolorosamente, erguendo a cabeça e me analisando com atenção.

- Essa é a questão, eu não quero. Não sobre isso.

Minha visão ondulava e eu tive que conter uma risada quando o semblante sério do moreno me pareceu engraçado demais.

- Vamos começar com algo mais simples, então - levei a bebida até a boca de novo, sendo impedida, dessa vez, pelo garoto sentado ao meu lado.

- Eu concordo em te responder três perguntas, se - ele tomou a garrafa de vinho para si -, você parar de beber. Pelo menos hoje.

Lhe estendi a mão, como uma negociante.

- Contrato fechado.

Ele soltou um riso nasalado, apertando minha mão.

Tudo bem, cérebro. Eu sei que a bebida faz você pensar e agir como uma criança de seis anos mas, por favor, seja inteligente.

- Qual o seu carma¹? - soltei.

Hunter franziu as sobrancelhas, encarando o teto.

- Minha família? - ele respondeu minha pergunta com outra pergunta. - Quero dizer, a forma como eu lidei com tudo, as decisões que tomei...

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