31 | Se ele estiver me ouvindo

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"Tem uma tempestade se formando, e estou preso no meio disso tudo

[...]

Tem uma luz na escuridão e eu sinto seu calor

Nas minhas mãos, no meu coração

Por que eu não consigo segurar?

Isso vem e vai como ondas

Sempre vem e vai, sempre vem e vai

Nós assistimos os nossos jovens corações sumirem na inundação"

- Waves, Dean Lewis.

1 MÊS DEPOIS

- Foi um dos melhores dias da minha vida, Hunter - murmuro. - Agora olhe para nós. Olhe onde viemos parar.

Dou um sorriso triste, me aproximando mais da cama hospitalar.

Mesmo depois de todos esses dias, ainda não me acostumei com a quantidade fios ao seu redor. Muito menos com o tubo que entra por sua boca e desce pela sua garganta.

A visão me dá calafrios.

- Mas nunca existiu um nós, não é? - Volto a falar, sem saber se ele pode ou não me escutar.

Já ouvi falar que, em alguns casos, mesmo em coma, a pessoa consegue ouvir. Rezo para que ele seja um desses casos, pois passei horas dentro desse quarto de hospital revivendo nossos momentos juntos em voz alta. Tudo que escuto de volta são os barulhos que as máquinas que o mantém vivo fazem.

- Sua irmã está vindo te ver todos os dias. Sua mãe também - conto. - Elas estão bem, Hunter.

Suspiro, cansada.

- Você desconfiava, não desconfiava? - Pergunto de forma retórica. - Me lembro de como você ficou quando citei a garçonete que trabalhava comigo, o nome dela - inspiro com força. - Ela soube por mim do seu acidente, e me surpreendeu quando apareceu no hospital no dia seguinte com uma mulher mais velha - quando me aproximo o suficiente, passo o dedo entre seus fios escuros. - Elas me contaram tudo, Hunter.

Tento não deixar meu desapontamento evidente enquanto falo, pois, se ele estiver me ouvindo, não quero lhe fazer mal.

- Elas não te culpam pelo o que você fez - sopro.

Meu celular toca e me amaldiçoou por não ter o colocado no silencioso.

- Desculpe - murmuro, pois, se ele estiver me ouvindo, o barulho deve ter o assustado. Ou irritado.

Faço uma careta ao ver de quem se trata, mais uma vez.

6 chamadas perdidas.
Nicholas Larsen.

- O último mês tem sido um inferno - rejeito a chamada e me inclino para beijar sua têmpora. - Eu tenho que ir agora, mas volto amanhã.

Lhe dou às costas, porém, não dou mais que dois passos pequenos em direção à porta. Me viro em sua direção e me aproximo novamente, voltando a me inclinar sobre ele.

- Eu te perdoo, Hunter - sussurro, como faço todos os dias antes de ir embora.

Se ele estiver me ouvindo, quero que saiba que não precisa ter medo de voltar. De acordar.

Quando enfim saio do quarto, Callum, Zach e Peter estão esperando para entrar. Eles visitam Hunter todos os dias, assim como eu. Peter passa por mim após curvar os lábios em um sorriso fechado, Zach sequer olha para mim - como faz todos os dias -, e Callum é o único que fala comigo.

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