CAPÍTULO 7 - PADRE ALESSANDRO

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Dias se passam e já não sei mais lidar com a situação.

Só consigo pensar em como ela é fascinante. Desbocada e sincera demais. Não há uma só hora do dia em que não me faça sorrir. Por exemplo, ontem, fui ao porto e desci para fazer compras e abastecer de água potável e combustível. Pedi que Eva ficasse na cabine, escondida e quieta, mas quando retornei ela havia limpado todo o barco e cozinhava arroz com legumes. Ela é dona de uma energia que me faz querer viver. Mas é misteriosa e teimosa, não se revela por completo. Fica perturbada quando pergunto do passado. E não gosta de falar sobre o que aconteceu no dia em que a encontrei.

A beleza dela faz com que eu deseje coisas que não deveriam jamais passar pela minha mente, como acariciá-la, abraçá-la e tocá-la.

A beleza dela faz com que eu deseje coisas que não deveriam jamais passar pela minha mente, como acariciá-la, abraçá-la e tocá-la

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Possui um olhar penetrante, calculador e hipnotizante. Metade deusa, metade inferno.

Quando desci em Ilhéus, para onde resolvi seguir viagem, ela me pediu um batom. Vermelho, como sangue. Desde então os lábios passam o dia mergulhados nessa cor. E faz com que eu queira morder, chupar, sugar e sentir o sabor. É como uma maçã madura me tentando a cada segundo, me convidando a pecar.

 É como uma maçã madura me tentando a cada segundo, me convidando a pecar

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Tenho que ser forte, mas sou homem, apesar de ser padre. Sou humano, apesar de trabalhar para o divino. Sou pecador e fraco, apesar de ensinar as pessoas a serem santas e guerreiras.

Eu comprando um batom vermelho, dá para imaginar? Não. Dei uma gorjeta a um garoto para que fizesse isso por mim. Já tenho problemas demais para atrair mais alguma coisa que me tire a paz. No mais, toda vez que desço em uma cidade, são dezenas de pessoas que querem tirar foto comigo, fazer vídeos, pedir bênçãos e orações. Não que eu ache ruim, mas tem hora que simplesmente só quero passear como qualquer pessoa normal. Descansar, relaxar, sair da função e ser puramente eu.

Agora Eva está no convés, sentada ao sol, com aquele minúsculo biquíni branco. Não posso culpá-la. É a única coisa que tem para vestir, além das minhas camisetas que, confesso, ficam melhores nela do que em mim. Enquanto lê o livro que a emprestei — O Céu Começa Em Você, de Anselm Grün, ela permanece concentrada. Vez ou outra sacode os cabelos, deixando os cachos revoltos e felinos.

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