CAPÍTULO 3 - PADRE ALESSANDRO

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O cheiro de sexo impregnado em minha pele me tortura. Esse odor de luxúria vem carregado de culpa. Sinto uma náusea tomar o corpo. A minha cabeça gira. E já não sei dizer se foi bom ou ruim.

Não, penso que foi apenas estranho. E, talvez, seja assim que me sinto.

Agora eu conheço o gosto, o cheiro, os sons, o toque de uma pele, as reações do meu corpo, o prazer no fim do sexo. Esse é um assunto tabu quando se trata de religião. Mas ele sempre esteve ali, desde os primórdios da humanidade. Todos fazem sexo. É uma coisa natural. E não é somente pela procriação, é pelo prazer.

A minha memória me traz mais que imagens e sensações. Ela me lembra os odores... O cheiro do perfume, do suor na pele, do vinho recém-aberto, da comida e as especiarias, do lençol, do látex da camisinha que ficou em minhas mãos, do gozo... os aromas do momento tórrido.

Entro discretamente em casa para não acordar os outros padres e me tranco no quarto

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Entro discretamente em casa para não acordar os outros padres e me tranco no quarto. Deixo a carteira e as chaves do carro na mesinha e me jogo na cama. Penso no banho... mas o sono leva a melhor.


***

— Vovó, onde estamos?

— Na igreja, Alessandro. Viemos falar com o padre.

— O que um padre faz, vovó?

— Ele nos ajuda a aproximar de Deus e nos ensina a ficar longe do pecado.

— Eu farei isso um dia...

***

— Padre Alessandro, está na hora da celebração? — diz o diácono que me acompanha.

Visto a Alva e a Estola e me encaminho para a capela.

É dia de Nossa Senhora das Graças e sou o principal celebrante, ao lado do Bispo, na primeira missa do dia.

O Bispo fica responsável pela Liturgia da Palavra e faz a homilia, como de costume, e eu fico responsável pela Liturgia Eucarística.

Ergo a hóstia sagrada e profiro as palavras:

"Na noite em que ia ser entregue, Ele tomou o pão em Suas mãos, elevou os olhos a Vós, ó Pai, deu graças e o partiu e deu a seus discípulos, dizendo: Tomai, todos e comei: isto é o meu corpo, que será entregue por vós."

Quando abaixo a patena, observo uma mulher jovem e bonita entrar pela porta principal. As vestes dela são incomuns, com uma túnica e véu brancos e um manto azul.

Ela vem em minha direção. Ajoelha-se em frente ao altar e quando se ergue, os olhos e o peito esquerdo sangram. Me assusto, peço que alguém a socorra. Grito. Ninguém se move.

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