| Capítulo 09 | DORES

460 76 6
                                    

| Náufraga do Tempo: 1943 |
© Copyright 2018. Todos os direitos reservados.

🎧 SUGESTÃO: para uma melhor experiência, leia o capítulo ouvindo a música fixada 🔊

🎧 SUGESTÃO: para uma melhor experiência, leia o capítulo ouvindo a música fixada 🔊

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

The Language of Flowers (Feat. JeHwi) - ZICO;

▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃
Capítulo 09 | Dores
(03 de abril de 1943 — quarta-feira — 16h00)
Quioto | Distrito de Yoza 🏷
✍🏻 NARRAÇÃO: ALMARA CASTRO

Dor. Muita dor.

No pescoço, em minhas costas, pernas e até mesmo em minhas mãos. Ao redor de minha cabeça e em quase todos os meus músculos. Tudo estava dolorido e alguns ferimentos leves ainda ardiam sobre a minha pele recém lavada. Eu havia acordado? Sim. E estava viva...? Boa pergunta. Aparentemente sim, para a minha grata surpresa (muito embora eu parecesse estar semi-viva graças às dores que sentia pelo corpo).

Era ainda de dia, mas certamente quase chegando ao final da tarde, pois um coral de grilos faziam um barulho insuportável do lado de fora da janela. Outrora eu iria amar os seus cantos, contudo, devido às seguintes condições em que eu estava, eles só me despertavam mais medo e agonia, visto que relembravam onde exatamente eu estava...

A minha cabeça latejava, sobretudo na parte no qual eu fui atingida. Tudo doía, até meus olhos. Os abri a contragosto, aliás. Não queria descobrir onde exatamente eu estava. Contudo, a minha maldita curiosidade foi maior do que meu bom senso (mais uma vez).

Quando finalmente abri os meus olhos e retomei a consciência, encontrei uma cena que de fato não esperava, mesmo dentro das minhas estranhas condições atuais: mulheres. Várias mulheres. Várias. Todas com kimonos extravagantes e alguns estavam um tanto quanto surrados. Eram mulheres jovens e todas olhavam fixamente para a minha pobre figura. Estavam "rodeadas" a minha volta, me observando como se eu estivesse prestes a sair correndo. Nem se eu quisesse eu poderia fazê-lo.

Deveriam ser umas dez ou onze moças. Pareciam apreensivas enquanto me observavam, todas quietas. Não diziam uma palavra sequer. Pareciam extremamente desconfiadas de mim, como se me vigiassem. Ah, mas onde realmente eu poderia estar?

O local cheirava a fumaça de cigarro e uma mistura de perfumes fortes. Apesar de não saber onde estava ou se era um local no mínimo seguro, o meu coração se acalmou um pouco (bem pouquinho) ao notar que eu estava apenas com pessoas do meu sexo. Ao menos eram mulheres e não homens em volta de uma cama comigo desacordada. Contudo, ainda assim, mulheres desconhecidas. Japonesas e aparentemente desconfiadas.

NÁUFRAGA DO TEMPO: 1943 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora