Capítulo 2: Elevador 12 ou 17?

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Quando acordei no outro dia, Eduardo estava todo jogado na cama. Tentei sair sem que ele acordasse, mas não consegui. – Bom dia meu amor, - ele falou encarando-me ainda deitado. – Bom dia, irei tomar café.. preciso me arrumar para ir trabalhar. – respondi indo até o banheiro que ficava no próprio quarto. – Olha, eu sei que conversamos ontem e que você não quer participar da minha vida, mas hoje o meu pai vai participar de um debate na rede globo e gostaria que você fosse junto comigo como convidada. – ele falou aparecendo na porta do banheiro colocando sua cueca. Eu já estava completamente cansada desse assunto e dessas exigências dele e aceitei comparecer para assistir meu sogro diretamente da plateia.

Fiz minha higiene matinal, colocamos nossas roupas e descemos até a cozinha para tomarmos nosso café. Cumprimentamos a Solange e sentamo-nos a mesa enquanto assistíamos ao jornal na televisão. Eduardo ficou conversando por um bom tempo com a Solange e eu tomei o meu café o mais rápido possível. – Preciso ir para não chegar atrasada, até depois. – falei levantando da mesa com uma certa rapidez. Dei um selinho no Eduardo, me despedi da Solange e fui até o carro.

Respirei fundo ao sentir o couro frio encostar da minha pele, era mais um dia que se iniciava, Quando cheguei no trabalho, como de costume o meu computador já estava me esperando e um café quentinho em cima da minha mesa também. – Obrigada Pati, vamos trabalhar porque é o que resta. – falei e ela riu. – Olha, eu estou completamente ansiosa para eleger seu sogro como o nosso presidente, sinto que até que enfim esse Brasil vai ganhar um rumo. – Patrícia falou totalmente animada com o que havia acabado de dizer. – Não consigo nem pensar direito, ultimamente só escuto sobre política.

[...]

Saí do trabalho e fui praticamente correndo para a Rede Globo, eu acabei pegando um pouco de trânsito mas cheguei a tempo de retirar o meu crachá de convidada e aguardar para seguir até o estúdio.

Quando o debate começou, as coisas tomaram proporções que eu nunca imaginaria.. em vários momentos o William estava dando chamadas na plateia que não conseguia ficar sem se manifestar quando algo engraçado acontecia, inclusive quando o meu abençoado sogro abria sua boca para fazer o que ele fazia de melhor: passar vergonha. Nesse dia de debate, Jair e Cabo Daciolo os dois a 50km/h quem me deixava com mais vergonha alheia? Bom, os dois. Mas era um dia para ficar marcado para sempre, nunca segurei tanto o riso na minha vida.

– Amor, pode ir na frente.. eu já vou, preciso conversar com o meu pai. – Eduardo falou me empurrando levemente para frente.

Segui até o elevador que já havia levado a maioria das pessoas, entrei sozinha no elevador e senti alguém entrar logo atrás de mim. Apertamos o mesmo botão praticamente juntos. – Que reencontro agradável. – ele falou com um tom de voz debochado e um sorriso cínico no rosto. – Esse lugar anda muito mal frequentado. – respondi revirando os olhos. – Podia jurar que conhecia essa sua cara de algum lugar, só podia ser fruto daquele descontrolado do Ciro. – continuei e cruzei os braços ao ver um sorriso largo instalar-se no rosto dele. – Obrigada pela parte que toca meu painho. – ele respondeu rindo e no mesmo instante sentimos um tranco no elevador. Estávamos presos oficialmente depois de algumas piscadas de luz.

Imediatamente comecei a gritar por socorro e bater na porta do elevador, o que obviamente foi inútil.

– Que merda, era só o que me faltava, presa com um vagabundo drogado. – falei sentando-me no chão.

– Você esqueceu o comunista. Mas pensa pelo lado bom, não sou um fascista. – ele debochou e juntou-se a mim. – Patricinha, queria muito saber o que você viu naquele cara.

– Eu não tenho que ficar te dando satisfações da minha vida.

– Ei, tudo bem. Eu sou da paz, esqueceu que meu painho é fundador da URSAL? – ele respondeu rindo e eu acabei deixando escapar um sorriso. – Meu nome é Yuri, como você se chama?

No meio de tudo, você.Onde histórias criam vida. Descubra agora