Capítulo 14: Voe

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Assim que saímos do banho, coloquei uma roupa confortável e que escondesse os machucados para passar o dia em casa. Yuri colocou um short preto daqueles de jogar futebol e uma camisa branca. Descemos para a sala e Lívia estava gravando vários vídeos nos stories do instagram, ela era autêntica e muito divertida. – Vamos conhecer a casa. – Giselle me chamou e eu a acompanhei.

Passeamos pelo grande cômodo que era dividido entre sala de jantar e de estar. Havia um barzinho com várias cachaças, inclusive algumas garrafas com o nome de Ciro como uma dedicação/homenagem. Mais a frente ficava a cozinha que tinha seu tamanho médio, com uma saída para o quintal que possuía uma área de churrasco e uma piscina onde eu pude conhecer o cachorrinho da família que chamava-se Peter. A casa embora tivesse várias mobílias que aparentavam ser caras e os cômodos assustadoramente grandes, passava um ar rústico e acolhedor. Giselle me apresentou todos os cômodos do "térreo" e assim subimos para explorar o resto, ela era uma mulher gentil e parecia ter pouca diferença de idade comigo. Subi a escada com ajuda dela, pois, ainda estava totalmente dolorida. Visitei quarto por quarto, todos eles eram ligados por uma sacada e eram suítes. Tinha um quarto de lazer onde ficavam prateleiras com livros, um notebook, a televisão com um vídeo-game e no canto do quartinho, um piano. Era tudo bem detalhado e caprichado, uma casa para quando quisesse se reunir com a família num domingo. – Helô, você deve estar faminta. Pedi para que Madalena preparasse um almoço especial para recebermos vocês. – Giselle falou me dando a mão e chamando-me para que eu descesse as escadas. – Pra ser sincera estou sim, fiquei durante horas sem comer nada.. mas percebi que isso só me faria mais mal ainda. – respondi acompanhando-a.

– Já está aí é painho? – Lívia perguntou rindo ao ver que Ciro já estava sentado á mesa esperando o almoço.

– Saco vazio não para em pé. – ele respondeu e nós gargalhamos. – Vamos verminoso, larga isso e vem almoçar. – Ciro gritou para Yuri e eu gargalhei.

– Você ainda vai aprender muito com o dicionário cearense. – Yuri falou para mim enquanto sentava do meu lado.

– Esse menino ás vezes me envergonha. – o pai falou rindo. – Ao invés de ficar no xamego com a namorada, fica com aquela maldição na boca.

– Larga de ser xereta homi. – Giselle falou aproximando-se de Ciro e abraçando-o por trás. – Deixa seu menino em paz.

Todas nós fomos fazer companhia para o chefe da família. Madalena era a empregada da casa, já tinha arrumado tudo e agora estava a servir a comida.

– Madalena, já conheceu a nova namorada do meu irmão? – Lívia falou e eu senti minha pele corar.

– Linda, formam um belo casal. Em breve o Sr. Ciro terá mais netinhos para fazer companhia para a Maria Clara. – ela respondeu e eu senti as palavras me matarem por dentro, no mesmo instante Yuri apertou minha mão por debaixo da mesa.

Fiquei em silêncio durante alguns minutos enquanto a família conversava entre si.

– Vocês viram que o coiso está caindo nas intenções de voto? – Giselle puxou assunto enquanto preparava uma bela garfada.

– E o painho está crescendo. – Lívia falou toda feliz.

– O cabra que quer porte de arma é porque não se garante no soco. – Ciro respondeu e nós gargalhamos. – Eu vou derrotar esse fascista filho da puta.

– Conte comigo. – respondi e vi um sorriso apreensivo instalar-se no rosto do mais velho.

– Faremos justiça por você filha.

– Nem sei como agradecer todo o apoio de vocês. – respondi.

– Não precisa agradecer, lembra-se da nossa conversa na cafeteria? Eu estava lhe devendo um favor e estou retribuindo com todo meu afeto. Faça bem a minha família e terá minha eterna admiração.

No meio de tudo, você.Onde histórias criam vida. Descubra agora