Capítulo 16: Vai ter que se empenhar bem

163 31 38
                                    

Acordei com uma fresta de luz invadindo o quarto. Sentei com um pouco de dificuldade na cama, Yuri não estava no quarto. Levantei e fui passar uma água no rosto, tirei o pijama e coloquei um vestido clarinho, por fim, retornei para onde estava. Não demorou até que ele chegasse com uma bandeja e colocasse-a em cima da cômoda ao meu lado da cama. – Bom dia. – ele falou abaixando para me dar um beijo. – Trouxe pra gente comer juntinho.

– Eu já falei pra você parar de me mimar. – respondi rindo.

– É possível ficar mais mimada do que você já é? – ele me zoou e deitou-se do meu lado.

A bandeja estava repleta de comida. Frutas, torradas, geléia, manteiga, fatias de frios, pão, café, leite e suco de laranja. Embora eu estivesse um pouco acostumada em acordar com a mesa cheia, nunca tinha tomado um café desses sem precisar sair do meu quarto. Isso tudo era um sonho. Yuri abriu a porta que dava saída para a varanda, sentou-se novamente e ascendeu um cigarro enquanto tomava seu copo de café. Ficamos ali tomando café e conversando, o ambiente estava calmo e a casa com certo silêncio. – Meu pai deu uma viajada rápida pra o Rio de Janeiro, precisava dar algumas entrevistas e comparecer a um debate, e como sempre o Mussolini brasileiro amarelou. – Yuri contou e eu gargalhei. – Mas estará aqui amanhã cedo para fazermos nossa confraternização.

– Que bom, espero que consigam reunir todos que vocês gostam. – respondi após dar um gole no suco.

– Não vejo a hora de te apresentar os meus irmãos, principalmente o Gael, é o meu grude. – ele respondeu empolgado e eu sorri admirando a reação do mesmo. – A Maria Clara também é um amor, é minha sobrinha.

– Você deve ser aquele tio porra louca que todos sonham em ter, certo? – perguntei rindo e ele me mostrou a língua.

– Quase isso. – respondeu rindo. – Acredito que a Camila venha, ela é incrível.. vocês vão se dar bem.

– Pelo o que eu percebi no jantar, sua família adora ela. – falei com um certo incômodo, não acredito que eu estava com ciúmes de uma garota que eu nunca havia visto na minha vida.

– Camila é sensacional, uma das minhas melhores amigas. – ele respondeu e eu dei outro gole no suco tentando disfarçar.

– Que bom. – respondi para que o silêncio não tomasse o local e deixasse tudo mais ainda constrangedor.

Terminamos de comer e Madalena subiu para pegar as bandejas. – Dona Heloísa, um rapaz chamado Cléber apareceu perguntando por você.

– É o meu advogado. Que bom que chegou cedo, assim resolvemos isso o mais rápido possível. – respondi.

– Pode usar a sala do descanso para conversar com ele, assim vocês conversam em particular. – Yuri orientou-me.

Fui até a tal sala e Madalena pediu para que o rapaz subisse e viesse até o meu encontro.

[...]

Foram horas de conversas, depois de algumas especulações ele havia dito que provavelmente a audiência ocorresse na outra sexta-feira, ou seja, teria uma semana para me recuperar e voltar para São Paulo. Mas eu preferia assim, eu tinha sede de justiça imediata. Cleber era um homem centrado e comprometido com sua profissão, em toda conversa tentou tranqüilizar-me e dizendo sobre a imensa chance que tínhamos de ganhar essa audiência, pois as provas eram explícitas, além da grande quantia de testemunhas ao meu favor. Disse que assim que retornasse para a capital paulistana que teria uma conversa com Solange e Mariana, que seriam minhas testemunhas principais. Depois que conversou comigo, passou longos minutos ouvindo os relatos de Yuri sobre a mesma noite, ele anotava tudo que era dito e ficava atento para diversos detalhes e possíveis perguntas do juiz.

No meio de tudo, você.Onde histórias criam vida. Descubra agora