"Quando chegamos ao final.. o que mais há para dizer senão, até aproxima?!
Quando o Xena me salvou de quase ser violentada eu corri do quarto envergonhada. O meu instinto foi fugir e só voltar ao pôr do sol e nunca mais ser apanhada.
- Se quiserdes ser livre, tendes de ser verdadeira. Sede pois, em tudo verdadeira! _ disse a Dio certa vez.
E ao lembrar-me disto recuei. voltei a sala e o meu demónio, o meu maior medo reclamei. Quando a tive na mão, percebi o quanto era pesada e foi com muito esforço que a segurei.
Eu saí para fora, dei a volta para a Janela aberta do meu quarto e entrei. Giovanni não podia ter-me visto ou ouvido, pois o som da TV deixei.
Pela primeira vez na minha vida, o Giovanni consegui derrotar. Com sua própria, arma fiz com que se ajoelhasse e nem quis acreditar! As tantas ele lá protestou. Eu nunca havia disparado uma arma na vida e não havia razões pra começar mas, por via das duvidas aconselhei-o a não me provocar.
Ao Xena a dada altura acenei. Ele disse que estava bem, mas coxeava, eu notei.
- Deixem-me levantar, por favor! _ pediu o Giovanni, impaciente.
- Não! _ respondi. _ - Ainda não.
- Mas doem-me os joelhos! _ reclamou ele.
- Pouco me importa! _ atirei, toda confiante.
- Uau... que maldade!
E estampando a fúria no meu rosto, a"Victoria" a sua testa levei e com calma e lentamente dominadora me tornei.
- Então, vá-lá ?! _ falou ele. - Mata-me e acaba com isto!
- Seria tão fácil!_ disse eu. - Bastava-me apertar isto e... Poom!!
Com o meu discurso, Giovanni confuso ficou. Esperava que todo aquele alvoroço em algo fatal terminasse, desde que o começou.
- Ao invés disto e embora preferisse ver-te arder no inferno, vou deixar-te partir!
- Tretas... _ ele soava hesitante.
- Não é!
- És maluca! Porquê farias uma coisa dessas?!
- Porque eu quero ser LIVRE. Quero a minha mãe livre... que todos NÓS, sejamos livres!
- Isto é tudo muito bonito, mas eu não posso ir-me embora! _ recusou, rindo nervoso. - Sabes, quando os pais dele descobrirem - e vão descobrir - o que aqui aconteceu... vão rolar cabeças!
- Eu sei. Conto com isso! _ Atirei, toda atrevida, enquanto o Xena gargalhava mudo.
...
Fazia vento a aquela hora, quando Giovanni partiu da nossa casa no seu Toyota. Era uma brisa fresca aquela que soprava sem muita força.
- Obrigada! _ disse eu, deixando escapar sem querer, um fio de lágrimas pelo canto de um olho.
Mas ela não me respondeu, sorriu de repente. levou uma das mãos ao meu rosto, acariciando-a ao de leve e eu sorri de volta, mostrando os dentes da frente.
- Talvez agora tenhas tempo para a "Viuva"... _ disse ela, referindo-se a Francisca.
- Desde que não tenha de aturar a "Duas luas" _ respondi sorrindo, referindo-me a Jessica Corona.
Por um momento, ambos os olhos fechei. Senti aquela brisa fresca que ora passava e quando voltei a abri-los, ela se foi e eu nem notei. Naquele momento nova tristeza carreguei, mas assim que percebi o Xena em pé na minha varanda, novamente me alegrei.
Ele me pediu o celular emprestado para enviar mensagens a família. Queria dizer que estava bem e que tudo logo explicaria.
Quando terminou, veio até mim. Sorriu e eu não pude esconder as lágrimas no fim.
- Porque choras, Ribeirinha? _ perguntou.
De um jeito desastrado gargalhei e as lágrimas enxuguei.
- Por nada. _ eu menti. - Nadinha!
Ele sorriu uma segunda vez e um abraço carinhoso recebeu... sorriu uma terceira e então um beijo nos lábios finalmente ganhou!
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Pequenos Contos de Paixão & Perigo: Ribeirinha Maia
RomanceHá uma rapariga em Pendaval nascida em Março, durante uma trovoada. Que assim como o leitor, teve uma adolescência difícil e algo complicada. A sua melhor melhor amiga era uma figura mal lembrada, um espectro de um livro numa era já passada. A sua...