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All Too Well

Eu lembro quando fui conhecer a sua mãe. Eu estava nervoso porque não sabia o que ela iria achar de mim e você tentava me acalmar dizendo que não tinha como ela não gostar de alguém tão maravilhoso como eu. Nós entramos pela porta de mãos dadas e dedos entrelaçados, o ar era frio, mas de algum modo isso me fazia sentir em casa.

Sua mãe sorriu assim que me viu, puxou-me pela mão e me levou até o sofá da sala, nos sentamos e ela logo começou a dizer que estava louca para me conhecer porque tudo o que você falava era sobre mim e quando olhei em sua direção, você abaixou sua cabeça rindo envergonhado.

Depois de algumas xícaras de café e muito conversar com sua mãe, ela me mostrou fotos suas de quando era um bebê e você morreu de vergonha naquele momento, suas bochechas foram ficando mais vermelhas a cada foto que eu passava e sua mãe me contava histórias sobre você no campeonato infantil de tiro com arco, enquanto você me falava sobre o seu passado.

Depois de mais algum tempo, me despedi de sua mãe e disse que havia sido extremamente agradável passar à tarde com ela, pois sua mãe era tão legal e engraçada, tenho certeza que você herdou o senso de humor dela. Assim que cheguei a minha casa, percebi que havia esqueci meu cachecol xadrez favorito na casa da sua mãe e você ainda o tem guardado na sua gaveta até hoje.

Lembro-me de quando você chegava de repente em minha casa e convidava-me para dar uma volta em qualquer outra cidade, eu o chamava de louco por me convidar para essas viagens repentinas, mas sempre acabava por aceitar.

Então nós entravamos no seu carro e você dirigia sem um rumo certo e nós dois ficávamos escutando as músicas da sua rádio favorita no último volume e cantávamos mais alto ainda. Eu ria quando você desafinava e a cada sinal vermelho que você parava, você começava a tocar bateria invisível, me fazendo rir mais ainda.

Lembro-me do dia que você quase passou o sinal vermelho porque estava olhando para mim, eu dei um tapa em seu braço e lhe disse para prestar mais atenção na estrada, mas você disse que o vento em meu cabelo estava me deixando ainda mais lindo e simplesmente não conseguia parar de me olhar.

Eu me lembro de tudo muito bem, JungKook.

E eu sei que faz muito tempo, e que aquela magia não está mais aqui e que eu já deveria estar bem, mas eu não estou completamente bem.

Essas eram lembranças felizes, porém eu só conseguia me sentir triste enquanto revivia elas em meus pensamentos. Encontrava-me sentado em minha cama, com minha caixinha cheia de fotografias entre minhas pernas e a cada foto nossa, era mais uma lembrança, uma dor, uma lágrima.

Eu sentia falta daquele tempo em que tudo dava certo, quando tudo eram sorrisos e promessas de um futuro juntos. Eu sentia falta de você, mas sabia que as coisas não voltariam a ser como eram. Não havia nada mais que eu pudesse fazer e nesses momentos eu esquecia você o suficiente para esquecer por que eu precisava te esquecer.

Lembro-me da comemoração do nosso primeiro mês juntos. Eu achei que você tinha esquecido, mas a noite você bateu à porta da minha casa com um buquê de flores em uma mão e na outra uma taça de champagne.

Enquanto eu fazia o nosso jantar, você espalhou velas por toda a cozinha e assim que o jantar estava pronto, você nos serviu, apagou as luzes e nós tivemos um lindo e romântico jantar à luz de velas.

Depois de um jantar cheio de conversas, sorrisos e alguns breves selares, você colocou uma caixinha de veludo em minha frente e fez sinal para mim abri-la, quando o fiz, não consegui conter o enorme sorriso que apareceu em meu rosto: duas alianças. Delicadamente você pegou minha mão e colocou uma das alianças em meu dedo anelar, eu fiz o mesmo com você e então você me beijou lenta e apaixonadamente.

Você levantou da sua cadeira e veio até o meu lado, segurou em minha mão e me fez levantar. Colocou uma música lenta para tocar no seu celular e logo segurou minha cintura com suas mãos, eu ri enquanto entrelaçava meus braços em volta de seu pescoço, perguntando se nós realmente iriamos dançar no meio da cozinha, você apenas sorriu e me deu um selinho.

Nós começamos a nos mover lentamente no ritmo da música e eu deitei minha cabeça no seu ombro, sentindo o delicioso cheiro do seu perfume. Quando estávamos totalmente envolvidos com a dança, eu deslizei a ponta do meu nariz em seu pescoço e você se arrepiou quando eu deixei um breve selar no local, então eu levantei a cabeça, olhei em seus olhos e sem demora o beijei. Um beijo tão lento, intenso e sedutor quanto à música que dançávamos. Senti você me puxar para mais perto, colando nossos corpos. E aquela noite foi a primeira vez que você me fez seu.

Eu me lembro de tudo muito bem.

Mas agora as coisas já não são como eram antes. Agora você apenas me liga para pedir desculpas pela forma que agiu, dizendo que tinha errado e pedindo mais uma chance para consertar seus erros. Eu apenas tento controlar a minha voz de choro, pedindo para que você devolva minhas coisas que ficaram em sua casa.

Nós dois erramos. E quando tentamos concertar nosso erro, erramos novamente.

Talvez, não era pra ser.

Talvez, não era pra existir o "nós" e sim apenas o "eu" e "você".

E talvez seja melhor assim.

Mas ainda dói, JungKook. Dói não te ter mais aqui ao meu lado, dói saber que tudo o que nós vivemos agora serão apenas lembranças bonitas e doloridas. Lembranças de um relacionamento que podia ter sido duradouro, mas que nós dois erramos e isso resultou no fim.

Quando você veio até a minha casa devolver minhas coisas que estavam com você, eu notei que meu cachecol xadrez não estava ali. Você ainda o guarda porque lembra os tempos bons que passamos juntos e tem o meu cheiro, você não consegue se livrar dele porque você se lembra de tudo muito bem.

Quando eu conheci sua mãe, você estava lá, você se lembra de tudo.

Nossas viagens de carro repentinas, você estava lá, você se lembra de tudo.

Nós dois dançando naquela cozinha iluminada apenas por velas, você estava lá, você se lembra de tudo.

Nós nos lembramos de tudo muito bem.