4: purple guy

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Minha boca tem um gosto azedo e ruim e eu tenho quase certeza de que estou em um táxi com Louis Tomlinson do meu lado. Ele ainda tem cheiro de suco de laranja e está encostado com a cabeça no vidro da janela, fazendo uma franjinha cair na sua testa. Também acho que ainda estou uns 84% bêbado e minha cabeça roda um pouco a cada solavanco desengonçado que o carro dá, e isso faz com que algo chacoalhe no meu estômago mesmo que agora ele esteja quase totalmente vazio. 

Eu sei que vomitei em um gramado. Eu sei que eu vomitei muito em um gramado e que Louis segurou os meus cabelos e deu tapinhas encorajadores nas minhas costas durante o processo. Mas eu ainda não sei porquê. E agora fazem 5 minutos que estamos aqui. E ele também não disse nada. Na realidade, tudo que Louis fez foi me tirar de perto de Uísque, me abraçar de um jeito esquisito e desconfortável enquanto eu chorava, e me ajudar a vomitar. Agora ele está me levando para casa em um táxi. Então, meio que, inevitavelmente, não houveram muitas brechas para diálogo. O que também não quer dizer que o meu lado bêbado concorde com isso, e embora eu ainda saiba que provavelmente irei me arrepender disso na manhã seguinte, eu começo a puxar assunto com o Louis pensativo de cabeça na janela enquanto não chegamos ao meu apartamento. E o primeiro passo é: 

— O que você estava fazendo na festa? — O que também é, sinceramente, um péssimo primeiro passo. De verdade. 

Louis vira a cabeça em minha direção e seus olhos azuis estão um pouco perdidos por entre a franja. Eu olho para ele de volta, e também tenho quase certeza de que a minha vergonha na cara pode ter se perdido com o vômito. Ou descido pelos meus dutos lacrimais junto com as lágrimas. 

O quê? — Ele pergunta. 

— Por que você estava na festa da Camila? Digo, eu não disse que não você não pode ir mas, é um pouco estranho. Eu acho. Mais ou menos. E eu estou curioso. — Ressalto. — E também bêbado. Isso meio que me dá o direito perguntar esse tipo de coisa sem me arrepender a curto praz-

— Estava preocupado com você. — Fala simplesmente e volta a encostar a sua cabeça na janela. 

Hm. — Respondo. — Isso é novo. — E tento outra vez enquanto olho para as roupas de Louis: — E escuro.  

— O quê? — Repete em um sobressalto e eu olho novamente para sua calça jeans, para os tênis e o cardigã. 

— Suas roupas. Estão escuras. Não tem nada amarelo berrante ou cadarços fluorescentes. Você está... Apagado, Louis Tomlinson. Isso é algo ruim. — Aponto e volto a bater as minhas mãos contra as coxas cobertas pelo jeans. Bate. Bate. Bate. Ba- 

— Você disse que era chamativo demais. — Ele murmura, deixando com que seus dedos curtos mexam nas bordas de lã do casaco verde-marinho. 

E isto é mau. Isso é meio que muito mau. 

— Bem, eu não pedi para que você fosse, sei lá, o Edward Cullen e suas cores pastéis escuras. — O que é verdade. Louis brilhava e ele parecia gostar de brilhar e neste momento da minha vida eu, realmente, de verdade, não me sentia no direito de contestar o ato. — Você pode usar o que quiser. Tipo topetes. — Sorrio groguemente. — Eu acho que você ficaria muito bonito de topete. — E aí volto a bater minhas mãos contra as coxas.

Louis não gosta de conversar comigo e me pergunto se estou sendo irritante. Acho que estou sendo irritante. Eu sei que estou bêbado, mas isso é algo que me preocupa. Não gosto de ser irritante. Sou uma pessoa centrada. Com amigos centra-

— Louis. — Digo depois de algum tempo. 

— Sim? 

— Você me acha irritante? 

Stupid Cupid | L. S. Onde histórias criam vida. Descubra agora