25: you and i

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Você já sentiu como se o mundo estivesse caindo contra as suas costas? Sem nenhuma cerimônia ou, sei lá, algum tipo de aviso prévio? Eu me sentia assim agora, com os ossos quebrando. Me sentia como Altas depois de ter sido castigado por Zeus, carregando a terra nos ombros por toda a eternidade. E era muito. Era meio que mais do que eu poderia aguentar, se fosse dizer em voz alta.

Nunca tive um teste beta de como era ter um coração partido daquele jeito. Porque não era eu quem não queria mais, não era o Louis. Aliás, era exatamente o contrário de tudo isso. De não querer. Não era o tipo de machucado que uma pessoa causa na outra. Era mais do que os dois poderiam controlar e doía mais porque, tecnicamente, não tinha um culpado. Eu não poderia sair gritando pelos corredores algo do tipo. Não tinha um nome para gritar. Talvez não.

Os braços de Zayn envolvendo ao redor do meu tronco com cuidado, no entanto, pareciam as únicas coisas me mantendo lúcido na sala de espera do hospital e meus olhos sequer piscavam reparando as paredes azuis com cartazes ou mesmo Liam, falando no telefone com alguém. Talvez Gemma? Alguém em Londres? Eu queria que Gemma estivesse aqui agora, como Zayn. Eu aceitaria mais abraços de bom grado. Aceitaria Louis, também. Não tinha a menor ideia de como ele estava desde que havíamos entrado aqui e vários médicos puxaram sua maca para longe de onde eu estava. Sequer tinha forças para correr até lá, por mais que meu cérebro me forçasse, dando ordens gritantes. Me sentia completamente inútil.

Afundei mais um pouquinho no peito do meu melhor amigo, buscando algum tipo conforto. Eu mal lembrava como tinha vindo parar aqui, se fosse sincero. Lembro de uma ambulância, é claro. Talvez, provavelmente, tivesse entrado nela com Louis. Talvez tenha ligado para Liam e... Não sei. Qualquer coisa assim e aqui estava eu. Estático enquanto meu marido — sim, meu marido, então — parecia perdido em alguma da inúmeras portas do hospital. Tinha o cheiro dele no meu corpo inteiro, das suas roupas coloridas rodando o espaço da minha memória e de como Louis se sentia protegido andando pelo mundo como se fosse um arco-iris hiperativo.

Minha mente balança um pouco quando vejo Li se abaixar perto de mim, tocando um dos meus joelhos com cautela e puxando-me das lembranças de Louis. Frente ao meu corpo consigo ver a sua aliança brilhar, piscando algumas vezes. É como se, outra vez, minhas pálpebras suportassem toneladas inteiras enquanto admiro minhas próprias mãos machucadas, junto aos pés e aos joelhos.

Era teimoso o suficiente para surtar sentindo outras mãos tocando o meu corpo por machucados tão estúpidos depois de vê-lo sangrar tanto na minha frente. Não conseguia.

— Hazz, está aí? — Liam me chamou, parecendo não ser mais a primeira vez. Levei meus olhos aos seus com um esforço que foi quais fisicamente doloroso. Ele ergueu um pouco os lábios num meio sorriso compressível e o celular pousava na sua outra mão, a que estava longe do meu joelho. — O... O Louis tem algum plano de saúde? Se tudo der certo, poderemos transferir ele para Londres o mais rápido possível. Eles são mais... Equipados. Estou tentando resolver isso agora. Nós também vamos precisar dos documentos dele, mas podemos resolver essa parte em breve também. — Meu outro melhor amigo sorriu e senti Zayn passear sua mão delicamente no meu ombro, deixando um beijo na minha tempora, mesmo que não fôssemos tão fisicamente afetivos.

Se. Se tudo desse certo. Se Louis ficasse bem. Se. Se. Se. E se não?

Niall não deixaria nada de ruim acontecer com ele, deixaria? Não. Não, Niall não poderia deixar nada de ruim acontecer com ele. Ele não poderia. Ele era o super herói de Louis e eu poderia quase imaginá-lo o colocando sobre um pedestal de ouro. E...

— Harry, tudo bem? — Zayn falou perto da minha orelha, erguendo um pouco meu rosto em sua direção até que eu focasse em seus olhos. — Ainda está aí?

Stupid Cupid | L. S. Onde histórias criam vida. Descubra agora