23: i'd marry you, harry

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Ele não usava um terno ou tinha uma rosa branca na lapela do blazer. Também não tinha um blazer, na verdade. Mesmo que ainda fosse o homem mais bonito que eu já pude ou que poderia ver em um milhão de anos. E que seria meu. Meu marido; a pessoa com quem eu planejava — e que queria, acima de tudo — passar o resto dos meus dias. O quão assustadora uma palavra poderia ser?

Niall não nos falou nada e eu ainda estava tentando me agarrar aos cacos da verdade que ele tinha me oferecido. Louis também. Nós tentávamos nos apegar a ideia de que seria melhor se não soubéssemos, gostávamos da metáfora de achar que não teria fim mesmo sabendo que ele poderia cair num buraco ou que poderia acordar e esquecer que ele é ele e que eu sou eu e que nós, religiosa e profusamente, somos um do outro. Mesmo que agora ele fosse ter o meu nome e tudo o que isso pudesse significar.

— Está tudo bem? — Gemma segurou-se na minha mão, seus dedos finos tocando meu dorso e amaciando o nervosismo para fora dos poros, como fazia sempre que eu era menor e surtos de ansiedade não me deixavam dormir. — Você pode pular fora, se quiser. Não vamos julgá-lo por isso. De verdade. Ou pelo menos não tanto.

— Você é uma tesmunha duvidosa, Gemms. — Eu digo num riso nervoso quando aperto sua mão de volta e ela empurra seu cotovelo contra as minhas costelas, fazendo-me suspirar por tê-la comigo agora e por cheiro de chocolate invadir os metros ao meu tedor ainda assim. — Mas eu tenho certeza. Eu realmente tenho certeza, só é...

— Assustador?

— Como o próprio inferno. — Falo mais uma vez, erguendo um pouco o rosto para buscar a força ou, talvez, a coragem divina para fazer tudo o que estou prestes a fazer. — Quer dizer- Deus! Estou casando. Com o Louis. O que é incrível, sério, mas eu me sinto tão estranho. E feliz. E assustadoramente tão nervoso, entende?

Ou pelo menos tão e tanto que talvez seja inefável. Não consigo colocar em palavras as sensações que estão aqui, mas ainda é bom vê-la me olhar e aparar com cuidado as partes de mim que estão lutando para gritar como os próprios diabos. É bom tê-la para conter o medo que eu fico o sentindo o tempo inteiro só para deixar as partes boas saírem.

Porque os olhos castanhos de Gemma simplesmente brilham para isso quando ela me puxa para um abraço, seus braços envolvendo contra o meu pescoço com tanto cuidado quando ela nota que estou prestes a entrar em pânico.

— Tem certeza de que não é muito rápido? Nós poderíamos planejar o mundo, garoto-estrela. E chamar nossos pais e seus amigos. Com uma festa e ternos bonitos. Ou vestidos. — Sussurrou contra a minha orelha, a voz morna que me fazia querer dormir. — Não estou refutando você, mas somos uma família. E só há eu aqui para vê-lo casar. E acalmar seus surtos de noiva. Aposto que o Zayn adoraria fazê-lo. Ou o Liam. Estou tentando entender por você, maninho, mas só...

— Talvez esse seja o trauma após um quase casamento fracassado. — Respondo, dando de ombros com um sorriso triste.

E, Deus, como eu queria contar a verdade à ela. Deitar no seu colo e só dizer que aquela era a única condição para Louis ficar comigo, porque ele iria perder tudo e iria perder nós dois e ter meu nome e ter nossas fotos espalhadas pela casa ainda eram a única prova física de que estavámos — ou de que estivemos — juntos.

Mas por quê? Era aquilo que eu não saberia explicar, exatamente essa parte. Sabia que Gemma era a pessoa mais importante no mundo pra mim e sei que ela tentaria entender os diabos caso eu os disesse em seu ouvido, mas a questão não era aquela. A questão era atormentá-la com meus medos e com tudo que estava caindo sobre a minha cabeça. Ela estava disposta a enlouquecer por mim como eu havia decidido fazer por Louis, mas eu vou protege-la de tudo e vou proteger Louis e todo mundo irá ficar bem. E isso quer dizer que também é tudo bem jurar que casar ali é o único jeito de me livrar dos traumas que o Troye causou, mesmo que fosse mentira. Ou que ao menos a maior parte fosse.

Stupid Cupid | L. S. Onde histórias criam vida. Descubra agora