26: lost boy

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Faz quase três horas desde que Louis acordou e, embora essa seja a melhor coisa que aconteceu nos últimos dias, todo o resto fora um tremendo pesadelo.

Louis não sabia quem eu era, o que ele estava fazendo num hospital ou como, na Terra, ele tinha ido parar lá. Não que eu realmente esperasse uma solução mágica caindo sobre as nossas cabeças, mas, sinceramente, também não esperava que fosse acontecer daquele jeito. Que fosse ir tão mal.

O médico de plantão era um residente chamado Dr. Portman, que parecia estar em algum lugar na casa de uma idade nova demais para a medicina (ou o que eu acho que seja uma idade nova demais), com um cabelo castanho um pouco comprido e dentes retos. Quando eu apertei o botão de emergência do lado da cama de Louis, ele foi a primeira pessoa a aparecer dentro de um jaleco branco e um olhar calmo demais que contrastava com o quarto inteiro em pânico. Como se aquela situação, como se me ver chorando ou Louis confuso enquanto eu o fazia, fosse um momento corriqueiro na sua vida de médico residente.

O que foi o começo do pesadelo se você levar em consideração que o Dr. Portman não estava tão a par do caso quanto a médica de Louis, que o acompanhava todos os dias mas que, infelizmente, estava de folga quando ele acordou.

Eu tinha tudo planejado na minha cabeça. Como contar tudo ao meu marido do jeito certo, como não assustá-lo com uma avalanche de informações. Mas, aparentemente, não era assim que iria acontecer e eu não pode evitar culpar Niall por isso. Eu não poderia evitar culpar Niall por uma série quase infinita de coisas e não saber o que fazer com um Louis sem memória sobre si, chorando em um quarto de hospital, era uma delas.

O médico não fez muito, em todo caso. Ele só... Checou os sinais vitais de Louis. Tinha uma sonda que o alimentava pelo nariz e outra presa perto de sua cintura. Ele disse que, se tudo corresse bem, Louis poderia tirar aquilo do seu corpo em breve, voltar a comer sólidos e tentar andar, exercitar os musculos. Falou que ele estava saudável. Explicou o motivo da lesão – mesmo que tenha me dito que as perguntas sobre a perda de memória em si fosse algo que a família tinha mais recomendação à contar – e olhou mais uma vez o ferimento na sua cabeça, fazendo perguntas.

Louis tinha uma base bem básica das suas informações. Ele sabia seu primeiro nome e algumas 'fatos' sobre si mesmo a longo prazo, como sua cor favorita ou a sua idade. Se ele ouvisse sua música favorita, por exemplo, ele poderia lembrar — como um pequeno botão sendo pressionado — que aquela era a sua música. Não como, não porque. Apenas estaria lá.

Só que não tinha nada atrás disso. Nenhuma outra informação. Sua calmaria abrupta me fazia pensar que ele escondia um estado de pânico que ainda estava encarando a realidade antes de se soltar, mas eu não podia fazer nada além de sentar lá e esperar.

O médico falou que a perde de Louis fora estranhamente seletiva, como se a porcaria de uma pedra tivesse batido no canto onde apenas especificações como aquelas pudessem sumir. Aquilo ou houve algum trauma. Ele, intencionalmente escolherá não lembra porque tinha um trauma por trás. Eu quis rir. Meu Louis. Não importa o que, ele nunca esqueceria de tudo por vontade própria se pudesse evitar. Eu sabia que não. Mesmo que isso não fosse uma informação que pudesse compartilhar.

Mordi tanto os lábios que senti gosto de sangue e só... Foi simples assim. Só. Mary viria dali à alguns minutos e eu ainda estava nervoso por Louis mal conseguir olhar nos meus olhos porque não foi assim que eu imaginei que as coisas iriam acontecer. Não tinha um roteiro, mas deveria. Deveria ter se eu mal sabia como chegar perto daquele garoto confuso e lhe contar uma história.

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⏰ Última atualização: Jan 09, 2020 ⏰

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