24: how to save a life

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Liam gostava de olhar divertido para mim quando Louis não estava por perto ou quando Zayn estava muito ocupado batendo seus punhos magricelas contra máquinas de salgadinhos no lobby do nosso hotel de três estrelas perto da praia. Ele fazia aquilo o tempo inteiro, em cada brecha de segundo, avaliando-me como costumava fazer. Olhando nos meus olhos e puxando verdades por trás de algumas perguntas idiotas sobre como eu parecia apaixonado — muito — e quais os riscos de ser e estar e, talvez, poder fazer o mundo por isso.

Havia algo, eu pensei. Ele é meu melhor amigo — assim como Zayn. Mas ele também é quase um psicólogo formado. Ele olha para mim de um jeito diferente, ele me enxerga enquanto Zayn, na maioria das vezes, apenas me vê enquanto questiona e monta uma matéria sobre como eu me sinto — e eu não sei até que ponto isso é bom. Ou saudável. Ou transparente demais.

Só que ainda — e mais do que tudo — quero contá-los como me sinto, mas simplesmente... Não posso fazer isso. Preciso me manter quieto e feliz e animado e com areia cobrindo as pontas dos meus pés enquanto ele senta-se ao meu lado e ri falando uma coisa divertida sobre estar casado com Zayn, ou quando cita uma viagem aleatória que fez a algum lugar perdido na Inglaterra. Porque Liam não diz. Ele nunca diz em voz alta, mas é normal notar quando ele me dirige castanho e pousa suas mãos nos meus ombros. Está fazendo isso agora enquanto Louis e Zayn brincam na maré baixa junto com areia. Ele me acalma. Ele é meu melhor amigo. Ele me enxerga. Ele me vê cair um pouco, mas me vê subir quando olho para Louis.

Me pergunto se sente o mesmo sobre Zayn. Se foi assim desde o início. Se eles tiverem um momento de sexo e então tudo desabrochou. Se foi fácil como eles fizeram parecer que foi. Se realmente posso sentir um pouco de inveja por isso — por não ser tão complicado.

— Você parece um pouco aéreo. — Liam murmura depois de um tempo, seu ombro bronzeado empurrando suavemente contra o meu quando desvio meu olhar de um Louis brilhante brincando com areia no outro lado da praia.

— Eu pareço?

— Sim. — Ele tenta, puxando um pouco de protetor solar entre os dedos e passando-o pelos braços totalmente desajeitado. — Não vou forçar, mas você sabe que pode contar, né?

— Sim. Sim, claro. Desculpe. Eu só... Me perdi. Tinha esquecido um pouco sobre praias. Louis adora. Deveríamos ter vindo aqui antes, eu acho.

Liam olha o garoto de sunga vermelha por um segundo ou dois. Fico me perguntando se ele repara no quão Louis parece especial e singular. Os ossos das suas clavículas contra a pele, olhinhos azuis brilhantes, cabelo molhado com àgua salgada. Louis que acordou de manhã e me encheu de beijos e de sexo e de amor durante o café.

— Um pouco, é. O Zayn também tem uma coisa com a água. — Os olhos de Liam brilham um pouco mirando no sol do meio da tarde que queima suave na sua pele. — Eles são como melhores amigos, é estranho pensar que só se conhecem há poucos meses, não é?

Eu concordo, sugando o suco do canudo outra vez vendo os dois a alguns metros de distância agora. Me pergunto se Louis conhecia Zayn no antes. Se eles foram melhores amigos como parecem ser agora, grudados um no outro e protegidos por elos que eu sequer sabia que poderiam existir em tão pouco tempo, mas que, mesmo assim, eles pareciam nutrir. Talvez.

Mesmo que eu saiba que Liam ainda via apenas só Louis — nada brilhante e mágico ou o que fosse. O que era bom. E o que era ruim. Porque sei que estou totalmente ferrado por banhá-lo de tantos adjetivos. Sou babaca pra caralho. Me sinto assim. Como se dependesse dele. E, ao mesmo tempo, sinto medo de Liam descobrir essa parte minha que se revelou maior do que eu poderia controlar.

Stupid Cupid | L. S. Onde histórias criam vida. Descubra agora