eleven

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Era desgastante para Lucas ter que passar sua manhã de molho na cama. Poderia estar na faculdade queimando seus neurônios com a matéria, ou estar distraído rabiscando em seu caderno enquanto pensa em Lisa, ou até mesmo jogando conversa fora com os amigos. Pelo menos a parte menos babaca deles. Mas estava ali, sentado em sua king size com o pé apoiado em uma almofada macia escutando música e prestes a morrer de tédio. Insistiu que estava bem o suficiente para enfrentar um dia de aula, mas seu pai e Francine o obrigaram a ficar em casa, apenas para ter certeza que estaria cem por cento bem. Nem Zhang estava ali para distraí-lo com suas perguntas sobre o dever de casa ou até mesmo sobre Lisa, visto que o menino gostou dela mais do que deveria.

Francine entra no quarto com uma bandeja de comida e Lucas encara o modo como ela dá passo após passo para não acabar derrubando tudo no chão.

— Trouxe seu lanche, coma e tome seu remédio. Está quase na hora. — Ela diz colocando a bandeja na cama e Lucas solta um suspiro.

— Estou bem, Fran. Poderia estar na faculdade agora. — Ele resmunga, mas ainda assim pega um morango da tigela com frutas na sua frente.

— Nada disso, mocinho. Ainda está machucado, deveria ficar calado e tomar seu remédio. Quanto mais rápido se recuperar, mais rápido sairá dessa cama. — Francine aponta para a comida na bandeja e Lucas revira os olhos, pegando com o copo com um suco qualquer. Ela toma a liberdade de se sentar na cama, e põe as mãos no colo. — Sei muito bem que essa sua vontade de sair daí não é a faculdade. Está caidinho na menina, não é? — Ela alfineta, mas Lucas se mantém ocupado comendo as torradas do prato. Não quer ter que responder a isso, mas pelo visto está mais do que na cara. — Te conheço bem, Lucas. Sei que está pensando nela como quem pensa em comida quando está morrendo de fome. — Ele desvia o olhar, mas não pode dizer que isso não era verdade. Está cada vez mais na dela, parece que uma hora ou outra não vai suportar guardar isso tanto tempo para si. — Ela é uma boa menina, e muito bonita também. Parece que finalmente alguém conseguiu te colocar nos trilhos. Já não aguentava mais achar uma lingerie diferente no seu cesto de roupas sujas, era horrível. - Será que poderiam parar de tocar nesse assunto? Ele pensou enquanto continuava a comer em silêncio. — De qualquer forma, estou feliz que finalmente tenha tomado jeito, e não poderia ter escolhido alguém melhor que ela. — Francine se aproxima para beijar a bochecha do garoto e sai do quarto.

Ela era como a mãe que Lucas não teve a sorte de ter, ajudou muito sua família quando chegaram aos Estados Unidos. Também aguentou os chiliques de sua mãe quando algo não saía do jeito que ela queria, muitas das vezes achou que a mulher acabaria sendo despedida por conta disso, mas felizmente nada disso aconteceu. Francine era a única figura feminina que ele tinha em casa, era o mais perto que chega de ser uma verdadeira mãe. Ela era uma mulher sozinha, ele nunca entendeu o porquê, afinal, era até bonita e era gentil, quem seria o maluco que não a aceitaria?

Depois de terminar de comer seu lanche, Lucas deixa sua bandeja de lado e olha para a tela do celular. De repente uma ideia súbita passa por pela sua cabeça. Lisa responderia se ele mandasse uma mensagem? Ele estava no tédio, queria ocupar sua cabeça com alguma coisa, e bom, Lisa está sendo a melhor opção agora. Até por que ele não a viu hoje e nem falou com ela, seria bom trocar meras mensagens durante o dia, já que pelo visto teria que esperar até amanhã para vê-la pessoalmente.

Antes que possa pensar, já está abrindo a o chat e escrevendo uma mensagem qualquer, na torcida para que ela responda rápido.

Já Lisa, estava entediada na aula. O professor havia faltado e um substituto estava ali para tomar conta da sala, já que ele estava mais concentrado em ler seu livro de auto-ajuda do que passar alguma matéria relacionada com a que estavam estudando antes para que possa suprir quando o professor habitual voltar. Estava sendo um dia péssimo. Às vezes pensar que ela pagava uma mensalidade que custava quase a metade do seu salário na lanchonete para manter sua vaga ali para aguentar isso vez outra, era frustrante.

MY ANCHOR »» NCT Lucas (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora