MY ANCHOR »» NCT Lucas (hiatus)

twenty four

Já fazia pelo menos meia hora que os dois estavam na praça perto do prédio, e Luca sabia que precisavam dar o fora dali. Afinal, estava tarde e estava começando a esfriar. Só que ele também não sentia que ela iria falar alguma coisa tão cedo, tampouco se mover do seu abraço. Ainda não tinha ideia do que havia acontecido para que ela ficasse desse jeito, mas o que quer que fosse, parecia ser grave o suficiente para que ela não possa ficar sozinha. Obviamente queria saber o motivo de tudo isso, mas primeiro precisava tirá-la dali.

— Lis? — Ele a chama, mas não tem resposta. Se ela não estivesse tão empenhada em manter o abraço, ele provavelmente nem saberia se ela estava respirando. — Vem, vamos pra casa. — Ele murmura, e ela logo se desfaz do abraço, lhe encarando com um olhar quase desesperado.

— Não me leva de volta pra casa, por favor. Qualquer lugar menos lá. — Ela diz com a voz praticamente por um fio. Seu rosto estava úmido, e os olhos inchados. Detestava vê-la nesse estado, o castanho esverdeado de suas íris perdiam completamente o brilho pelo qual ele passou a adorar. 

— Fica tranquila, nós vamos pra minha casa. — Ele assegura, e ela relaxa os ombros quase que instantaneamente. Ainda estava confuso sobre o que havia acontecido para que ela ficasse nesse estado, e agora que tem uma vaga ideia do que possa ser, sabia que era algo sério. Diferente dele, dificilmente ela tinha problemas com a família, e para que ela ficasse no estado em que estava, devia ser algo bem ruim.

Sem dizer mais nada, Lucas alcança a bolsa dela caída no chão, e logo estão indo até seu carro. Não demora muito até estarem a caminho de sua casa, o silêncio estava praticamente ensurdecedor no pequeno espaço, mas não é como se uma conversa corriqueira pudesse rolar ali dentro. Lucas estava tentando ao máximo dar o tempo que Lisa precisava para se sentir confortável o suficiente para que ela pudesse falar, e enquanto isso não acontecia, preferia ficar calado e se concentrar em dar o apoio que ela obviamente estava precisando, mesmo que a curiosidade o atacasse por dentro.

Depois uma viagem que pareceu ser mais longa que o normal, finalmente chegam no casarão. Lucas teve que alternar o olhar entre as ruas e a garota sentada no banco do passageiro, já que ela sequer se moveu no lugar durante o caminho, ficou apenas com a cabeça encostada na janela vendo tudo passar pelo lado de fora. Ele estava começando a ficar ansioso com a situação, não sabia o que fazer nem falar, e se ela continuar quieta daquele jeito por mais tempo, iria acabar enlouquecendo. Sentia que estava pisando em ovos e o caminho aumentava a cada minuto no mais completo silêncio.

Para ser honesto, estava começando a ficar assustado, já que nunca lidou com esse lado dela antes. Não tinha noção de qual seria o próximo caso, estava completamente no escuro e não queria falar a coisa errada e acabar piorando ainda mais. Definitivamente não era o tipo de situação da qual estava acostumado a lidar, e apesar de tudo, aquilo o fazia se lembrar da promessa que fez à ela naquele chafariz e sabia que não podia dar para trás agora nem se quisesse.

Quando sai do carro, dá a volta no veículo até chegar do outro lado e abrir a porta. 

— Vamos, está ficando frio aqui fora. — Ele diz baixo, e ainda sem dizer nada, Lisa apenas aceita a mão estendida e ele fecha a porta atrás dela. 

O caminho até a sala de estar é curto, mas ainda assim parece ser o mais longo possível. Ele quase nem sente o toque das mãos frias da garota, e se não soubesse que ela estava logo atrás, pensaria que estava chegando sozinho. 

Ele ainda queria saber o que estava acontecendo, mas precisava fazer com que ela fale e pelo andar da carruagem, isso não ia acontecer tão cedo. Então ao invés de começar a perguntar, apenas a leva até a cozinha e se preocupa em preparar alguma coisa quente para ela beber. De dia, a cidade era quente como o inferno, mas de noite a temperatura diminuía bastante, e a julgar pelas mãos da menina congelando, ela devia estar fora por muito tempo.