falta

30 5 0
                                    

às vezes eu me pego, antes da minha própria percepção, fitando as estrelas e associando-as a você.

às vezes eu me ouço, no meio da noite, sussurrando o seu nome sob um fio de esperança de te encontrar novamente. sentir o seu toque delicado, me embriagar com o perfume doce impregnado no seu pescoço enquanto a gente ri e conversa e ri de novo.

às vezes minha cabeça me trai e pede a deus para que você me puxe pela mão como tantas outras vezes e me faça carinho como só você sabe fazer.

às vezes eu te quero perto o bastante para sentir o gosto das palavras gentis e das ideias mais engraçadas que você me proferia numa tarde qualquer. tardes que, com a sua presença, tornavam-se os dias mais preciosos da minha semana.

às vezes eu te amo.

e no resto das vezes também.

mas às vezes eu também te quero longe, porque assim como a sua chegada foi uma surpresa, sua ida também foi. e eu não suportaria passar por tudo aquilo de novo.

o destino me deu bons presentes com a sua estadia; mas ao mesmo tempo que é encantador lembrar do seu cheiro depois de tanto tempo, é insuportável e esmagador pensar que eu nunca voltarei a senti-lo mesmo que de longe.

por isso, eu ainda sinto a sua falta:

mas prefiro continuar sentindo.

gritos de identidade (poesia)Onde histórias criam vida. Descubra agora