ciclo

13 5 0
                                    

não,
eu não tenho medo
de mudar
porque nem ao menos sei quem sou

não,
eu não tenho medo
de me afogar
aceito os riscos do seu amor

você se apaixonou
por alguém que não conheço
por alguém que você acha que sou

talvez
a minha podridão
ainda não tenha chegado
até você

talvez
a minha lama interna
não tenha te sujado
a ponto de você entender

mas senta aqui
deixa eu te explicar
não foi culpa sua
acreditar

não foi culpa sua
mergulhar
no oceano do meu amor
sem saber minha identidade

aqui dentro
é confuso
é escuro
e eu não sei descrever

o ciclo fatídico
infinito
fétido e podre
que me condena ao caos

aqui cheira a desgraça
realidade tomada
pela projeção de dor
que eu nunca quis
que refletisse em você

que eu nunca quis
sequer te envolver
no meu coração perturbado
e recheado de receios

não,
eu não quero
te deixar

não,
eu não quero
te abandonar

mas isso nunca
teve um início
para poder ter um fim

embora
isso não impeça
o meu colapso

gritos de identidade (poesia)Onde histórias criam vida. Descubra agora