debaixo d'água
eu vejo
o escuro consumir
as minhas dores
e arrastá-las para longeeu toco o chão
e o frio agarra meus pés
em ritmo silencioso
até as profundezas
da solidãoo ar me deixou
a luz me largou
meu ego se desfez
e se tornou mera poeira
em meio ao caose meu sorriso viu
meus sonhos e desejos
escaparem entre meus dedos
sob a força das pequenas ondas
refratadas pela auroradesorientada
não tenho forças para nadar
talvez não queira sair
é tudo tão fácil
minha alma implora para ir emborameus olhos se fecham
meus braços não mais se movem
o descanso me convencedebaixo d'água
eu não vejo nadadói tanto
e não dói nada
nada no mundo me faz
sentir tão serena
tão sóe rumo ao descanso
eu me rendome rendo à paz
à estabilidade
e à inexistênciaa vida é inconsistência
dilui-se tão facilmente em tudo
cria laços com o mundo
e destrói
toda e qualquer essênciamas é na partida
que a certeza
e solidez se instauramquebrando
em pedaços
a dor
do existirsem brecha
sem escape
o frio me abraça
me acolhe
e me faz dormirboa noite, vida
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gritos de identidade (poesia)
Poetrysentimentos que precisam ser manifestados. (alerta de possíveis gatilhos, transtornos mentais) all rights reserved to @fairylune, 2019