eu abro os olhos e a luz está lá
me faz fechar os olhos novamente
paralisa e me faz querer voltar
para a escuridãoentão eu viro para o lado
e o cobertor vira meu esconderijo
as sombras me tornam invisível
e eu não preciso ser alguém
porque nem ao menos sei quem souna minha cama eu não preciso
me forçar a suportar o caos
e as dezenas de quilos
do meu corpo
para me manter de pémas a vida lá fora não me permite
fugir para sempre
ficar instalada na minha toca
longe de tudo o que consome
a minha energia e a minha vontadetenho deveres a cumprir
e que sempre estarão lá
esperando por mimpreciso abrir os olhos
e permanecer com eles abertos
pelo resto do diapreciso levantar e tomar um banho
ainda que não consiga sair da cama
ainda que meu corpo seja um peso
maior que o de costumepreciso comer
preciso estudar
preciso vivera vida é uma eterna
lista de obrigações
as quais não sou capaz de cumprirchega a ser cômico
o jeito que eu não pedi para nascer
e apesar disso sobreviver
todos os diasconsumir o oxigênio do mundo
ocupar o espaço de qualquer outro ser
mais digno de existir
ou qualquer outro pedaço de matéria
inanimadamente mais útil que euchega até a ser engraçado
o jeito que eu peço todos os dias
para desaparecer
mas não me movo um milímetro
para fazer acontecerdecisões erradas
culpa e nó na garganta
aqui sintetizo a minha vida
a minha eterna sina
da qual corro todos os dias
mas nunca saio do lugar
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gritos de identidade (poesia)
Poesíasentimentos que precisam ser manifestados. (alerta de possíveis gatilhos, transtornos mentais) all rights reserved to @fairylune, 2019