Eu acordei no hospital, segundo os médicos eu tive um traumatismo craniano leve, eu nem sabia que existia traumatismo leve (tá ai coisas que o curso de medicina não te ensina), fiquei devaneando pra tentar lembrar se o que aconteceu foi real ou um sonho, eu acreditei que fosse real mas..
— Senhorita Kiana – disse o médico – como você está se sentindo hoje?
— Eu me sinto bem, só tenho umas dores de cabeça às vezes, mas creio eu que não seja nada que eu deva me preocupar não.
— Como você já sabe, você sofreu um traumatismo craniano leve que te deixou em coma induzido por cerca de 14 dias
— 14 DIAS??? – eu não sabia dessa parte.
— Sim, a perícia disse que seu carro capotou sete vezes, me surpreende que ainda esteja viva, você não vai receber alta hoje pois precisa ficar em observação pra garantir que não houve nenhum dano cerebral ou motor.
— E nós estamos aqui para garantir que a senhorita não fuja do hospital – disse minha mãe sorrindo
— Mamãe – eu disse surpresa e ela veio até a minha cama e meio que me abraçou tentando não me mover
Eu e mamãe conversamos um pouco mas minha cabeça começou a doer, não era uma dor normal, minha cabeça latejava, como se alguma coisa tivesse estourado lá dentro
(Visão de Kieran)
Pela segunda vez eu fui mandado de volta a cidade para encaminhar Kiana, descobri que esse era o nome dela, por irresponsabilidade minha na primeira vez ela teria uma morte dolorosa, não lenta mas dolorosa, foi especificado um dano cerebral e ela não morreria na hora. Cheguei ao seu quarto, ela estava no hospital, curiosamente lá era um lugar que eu visitava com frequência, muitas pessoas morriam nos hospitais, de doenças graves ou acidentes. Ao chegar a seu quarto eu vi uma cena horrível, ela sangrava pelo nariz e pelo seu rosto escorriam lagrimas como se fossem de sangue, eu sou uma entidade que não possui sentimentos mas vê-la ali naquele sofrimento todo foi demais pra mim, e diferente do protocolo eu apenas a toquei e seu espírito saiu do seu corpo e ao olhar para mim sua expressão se modificou
— Você de novo? – ela disse
— Sim, eu
— Quem é você afinal?
Eu não sei se podia abrir o jogo, mas como era minha obrigação leva-la eu achei que era o mínimo que eu poderia fazer
— Meu nome é Kieran, eu sou a Morte
— A morte?
— É, não em sentido literal mas eu sou uma das mortes
— Você só pode tá brincando comigo, eu achei que tivesse sonhando.
Ela começava a entrar em desespero e eu já estava meio sem saber o que fazer ali com ela, acalmar pessoas nunca foi meu ponto forte.
— Não, não é uma brincadeira, eu estou aqui para facilitar a sua passagem desse mundo para o próximo
— PRÓXIMO?? COMO ASSIM?
— Calma, eu já te explico isso mas tenta se acalmar antes
Ela começou a respirar fundo, achei que ela ia ter um treco, não que isso fosse possível para um espírito mas vai saber né?
— Kieran? – uma voz me chamou – é um engano, essa moça não deve ser levada hoje
Era a voz de Clary, será que eles decidiram simplesmente não levar ela? Mas por quê?
Primeiro ponto, como eu ia levar ela de volta? Eu só reforcei o toque das sombras. Isso é um verdadeiro desastre.
(Visão de Kiana)
Tá bom. Tinha um cara na minha frente me dizendo que era a morte e que ia me levar, eu deveria não entrar em desespero? Não tinha nem como. Eu tentei me lembrar de tudo que minha mãe me disse sobre como funcionava a passagem, minha família toda pertence a religião espírita e eu como sai dessa vertente pratico bruxaria natural, mas andei me aventurando com a magia negra por algumas vezes, mas nada que me coubesse punição.
Eu nunca tinha passado por experiências de morte ou quase morte então nunca tinha visto o anjo da morte e ele estava ali na minha frente, eu não sei como funciona esse negócio de paixão tampouco vou dizer que me apaixonei por ele mas eu sentia alguma coisa, e não era medo. Eu troquei algumas frases com ele mas nada que me fizesse tirar a conclusão de que eu o veria de novo ou qual era o critério para que isso acontecesse.
— Você precisa morrer – ele disse
— Oi?
— Estou respondendo a sua pergunta
— E você lê mentes por acaso?
— Sim..
— É muita falta de educação ler a mente das pessoas sem avisar isso pra elas antes
Ele riu, apesar de andar sempre com um capuz preto ele até que era bem bonitinho, tinha o cabelo um pouco acima do queixo, era liso mas as pontinhas meio que se enrolavam, ele aparentava ter pouco mais de 19 anos, talvez nem isso
— Eu tenho mais de mil
— Mil anos? – eu disse
— Sim, mas parei de envelhecer quando fiz 18
— Uau, que benefício
— Um dos únicos, eu diria
— E quais os outros?
— Conhecer algumas pessoas.
(Visão de Kieran)
Eu não sabia ainda como me sentia em relação a ela, mas alguma coisa em mim queria ela, eu pesquisei um pouco desde o nosso ultimo encontro e descobri o que se passou nos meus países baixos (gosto e inclusive recomendo)
Ela é uma pessoa que eu jamais poderia ter, não sem que ela morresse, não sei se o mundo inteiro conhece mas existe uma lenda, que é verdadeira, que fala sobre o beijo da morte, nada mais é que se eu beijar alguém essa pessoa vai simplesmente morrer, mas diferente da lenda ela não vai ficar presa a mim nem se tornar uma alma vagante, na verdade ela até pode porque se especula muito se isso não desenvolve um elo de ligação (o que os humanos chamam de síndrome de Estocolmo), ela vai ter a opção de escolher qual caminho deseja tomar depois da sua passagem, é uma das poucas exceções onde a coisa fica apenas entre o ceifeiro e a sua, digamos, vítima. É assim que a maioria dos ceifeiros conseguem suas namoradas, meu amigo Rick se apaixonou por uma humana e para ceifa-la ele a beijou, eles ainda estão juntos mas não é esse tipo de coisa que eu quero para mim, Laura parece muito vítima de Estocolmo, tudo que Rick a pede ela faz, quase uma relação de servidão e isso eu não quero, não pra mim e nem pra Kiana. Eu até pensei em transferir meu serviço para outra área mas eu prometi a mim mesmo que a protegeria. E é isso que eu vou fazer!
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O beijo da Morte
RomancePosso te contar uma coisa? Eu estou apaixonada pela morte, sim, é isso que você ouviu, não é nenhuma expressão romântica de clichê adolescente, eu não durmo em cemitérios nem tomo vinho em crânios.. A morte é uma entidade ancestral, ela já estava aq...