Eu fechei os meus olhos desesperada tentando tirar aquela imagem da minha cabeça, eu tinha caído da cadeira que eu estava e ali sentada no chão eu abracei as minhas pernas e coloquei minha cabeça entre elas, eu precisava abrir meus olhos mas meu corpo todo estava tremendo, eu estava em choque. Uma mão pousou sobre minha cabeça e eu gritei
— Kiana, calma – disse – respira, o que houve?
Eu tive medo de levantar a minha cabeça, eu sequer conseguia me mover
— Kiana, sou eu, Carl – meu corpo começou a relaxar aos poucos, parecia que eu ia desmaiar, não consegui levantar minha cabeça de pronto e Carl segurou meu braço
— Tá tudo bem Kiana? O que houve?
Ele me sentou na cadeira e me ofereceu um copo com água, eu segurei com as duas mãos pois eu ainda estava tremendo, eu não sabia o que dizer, será que eu estava alucinando?
Eu disse apenas que tinha levado um susto na morgue com o freezer, não sei se convenceu Carl mas o fez me deixar em paz, ele pediu que eu tirasse uma folga de uma semana, pelo menos, porque ele achava que aquilo era estresse e eu obedeci, ele também insistiu para que eu procurasse ajuda psicológica e eu disse que procuraria, mas jamais eu faria isso, eu não queria ajuda.
Eu também não iria na faculdade na semana que Carl me concedeu, ela pediu a um amigo um atestado para que eu pudesse, de fato, descansar. Eu avisei minhas amigas pelo grupo do whatsapp que não iria para a faculdade e de todas só obtive um "tá" de uma delas, será que eu não fazia mesmo diferença na vida delas? Mas isso também não importava, eu não estava mais tendo contato com a minha família, minha irmã dizia que eu só ligava pra ela quando me sentia sozinha ou precisava de ajuda, segundo ela meu comportamento pessimista já estava ficando chato então eu apenas fui me afastando de cada um deles e me fechando mais e mais até não sentir mais vontade de nada, mal de sair da cama, eu saia do meu apartamento apenas para comprar mais pó ou heroína, também comecei a usar rivotril para dormir porque eu tinha muitas insônias, álcool era uma coisa frequente na minha noite, tinha várias garrafas na minha geladeira, ocupavam o espaço onde antes já teve comida
Era terça feira a noite, passava das 23h e eu tinha acabado de injetar heroína na minha veia, eu comecei a ver os vídeos que eu tinha com as minhas amigas, vídeos que estavam salvos no meu celular, olhei o álbum de fotos que eu tinha da ultima viagem que fiz com a minha família, me deu uma crise de choro, eu sentia falta daquilo mas eu havia me tornado um peso pra eles, minha vida não fazia mais sentido, eu não via o Kieran há dias, só ele fazia com que eu me sentisse bem então eu precisava vê-lo de novo. Eu precisava de mais heroína, vesti um casaco com capuz e desci, segui pela rua até o beco dos viciados, que não é muito longe da faculdade, uns 70% dos alunos também usam droga, e pedi ao vendedor mais heroína, ele sorriu e perguntou se eu queria companhia para a onda, eu estava tão drogada que assenti e deixei ele me acompanhar, eu vi ele acenando para os companheiros dele, estava tão fora de mim que nem senti medo só deixei ele me seguir, subimos para o meu apartamento, encostei na porta e estiquei meu braço pra ele e disse:
— Injeta
— Mas já moça? – ele disse com um tom sacana e eu ignorei
— Injeta
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O beijo da Morte
RomancePosso te contar uma coisa? Eu estou apaixonada pela morte, sim, é isso que você ouviu, não é nenhuma expressão romântica de clichê adolescente, eu não durmo em cemitérios nem tomo vinho em crânios.. A morte é uma entidade ancestral, ela já estava aq...