Fiquei um certo tempo afastado de Kiana, apesar da vontade incessante de vê-la, saber se tudo estava bem. Eu precisava conversar com alguém sobre o que tinha acontecido na primeira vez que nos encontramos, ela me tocou e segundo o protocolo os vivos não podem tocar no ceifador, isso causa uma mancha na alma deles, o que nós chamamos de "toque das trevas", eu sabia que se perguntasse isso a alguém a pessoa logo iria querer saber porque eu estava interessado nisso, apesar de ter sempre as melhores notas eu nunca fui um aluno aplicado, poucos me viam estudando porque eu preferia fazer isso em casa.
Decidi fazer o que eu sempre fiz, desde a época da escola, caminhei até a biblioteca da escola de ceifadores, peguei os volumes que relatavam as lendas humanas e locais, encontrei uma que falava sobre duas coisas que eu buscava, o beijo da morte e o toque das trevas.
O beijo da morte está escrito no evangelho de Judas, na bíblia, obviamente de uma forma figurativa e nada que citasse diretamente, mas resumindo, o beijo foi a forma que Judas identificou Jesus aos soldados, numa interpretação literal isso quer dizer um "beijo de Judas" (ou um beijo da morte, como nós costumamos usar, pode se referir a "um ato que aparentemente é de amizade, mas que na realidade é prejudicial a que o recebe". O beijo está relatado em Mateus 26:47-50, Marcos 14:43-45 e Lucas 22:47-48. Basicamente o beijo da morte retrata para os ceifadores uma relação de abuso entre ele e a alma que seria ceifada, especula-se que isso cause um elo de ligação onde a alma se sente tão grata ao seu ceifador que fica presa a ele, mas claro que para alguns isso é só mais uma lenda, embora alguns casos de beijo da morte se encaixem bastante nesse aspecto, como o caso de Rick.
Sobre o toque das trevas, Beijo das sombras e afins, ocorre que quando uma alma humana toca um ceifador, geralmente de forma acidental, ela recebe uma marca em sua alma, essa marca pode evoluir ou não, isso depende do que decorrerá apartir daquele evento, uma das características de quem recebeu essa marca é o aparecimento de sentimentos depressivos, automutilação e em alguns casos pode levar a pessoa ao suicídio. Muitos tratam o suicídio como o maior pecado existente mas essa não é a verdade. Pessoas que se suicidam, tenham elas a marca das trevas ou não, são encaminhadas aos curadores, minha mãe era uma curadora e ela me conta como aconteciam as coisas. Essas almas eram encaminhadas para tratamento porque elas tinhas a marca da morte e isso as acompanharia nas próximas vidas que elas teriam, os seres de luz são enviados de Ashtar para a terra de modo a incentivar pessoas que sofrem com esses distúrbios ou tem pensamentos suicidas as buscarem ajuda, muitas vezes eles recebem autorização da deusa para entrar na mente de pessoas próximas a elas e estimula-las a entrar nesses assuntos com a pessoa, eles estão sempre por perto. Diferente do que se pensa, Não existe sofrimento e condenação eterno, espíritos muito ruins são enviados ao submundo não para sofrer mas para que recebam o aprendizado de que não foram boas pessoas e por isso ficarão anos, até séculos, sem reencarnar. Estima-se que os humanos andem em grupos de cem almas, por isso as vezes quando vemos uma pessoa temos a sensação de a conhecer, mesmo que nunca a tenhamos visto antes (pelo menos nessa vida).Um mês depois e minha vida tinha seguido seu curso normal, eu era enviado eventualmente para buscar alguma alma, encaminha-la e voltava para casa, nessas vezes que eu ia para a terra eu procurava por Kiana, a vi no campus uma vez com as suas amigas, ela estava radiante como sempre, outra vez a vi em casa.
Se passaram dois meses desde que eu havia visto Kiana pela última vez, Clary me mandou para o campus buscar uma alma, e eu fui, passei próximo ao apartamento de Kiana e pela janela vi que ela estava se arrumando, ela estava indo a uma festa, bem a contragosto e isso me fez rir, eu imaginei que ela fosse mais sociável, stalkeei ela nas redes sociais, ela usava um nome diferente do dela, @armineisajan, ela era realmente muito bonita, a vi sair e entrar no carro com uma outra moça, meu impulso foi segui-la mas eu tinha serviço a fazer, e depois dela ter me tocado eu a sentia, era até engraçado, eu nunca tive esse elo com ninguém. Subi, resgatei a alma e a encaminhei ao barqueiro, na altura de uma da manhã eu não sentia mais Kiana, fiquei apreensivo porque isso não tinha acontecido nesses três meses, por que acontecera agora? Tentei manter a calma e descobrir onde era a festa, sem sucesso, entrei na casa dela e peguei sua escova de cabelo tentando sentir se ela estava bem mas nada ocorreu. Aquilo era muito estranho.
Eu tentei tirar esse evento da cabeça mas não consegui então no outro dia eu pedi autorização para ir ao mundo humano me certificar de que tudo estava bem, não obtive essa autorização então recorri a meios ilícitos, pedi a ajuda de Kailee para sair dali:
— Kailee, eu juro que vai ser rápido, só preciso me certificar de uma coisa
— Ai Kieran, não me mete em enrascada, por favor
— Prometo que não vou, será bem rápido
Kailee abriu um portal e eu pude passar por ele
— Você tem uma hora pra voltar - ela disse
— Certo, muito obrigado mais uma vezEu sai pelo portal e fui direto procurar por Kiana, eu conseguia sentir sua energia fraca, uma aura absurda de tristeza que me causou vontade de chorar, acho que senti tudo que ela tinha sentido na última semana, aquilo me pegou como um soco no estômago, eu consegui ver pela janela de seu apartamento o que tinha acontecido na última semana, não o que causou todo aquele sofrimento mas tudo que ela havia sentido, a sensação de sujeira, senti o cheiro de podre quando fui me aproximando da janela, eu conhecia aquele cheiro. Era o cheiro característico do ambiente onde as pessoas que cometeram suicídio são resgatadas.
Deus queira que eu esteja errado.
Entrei pela janela e vi várias caixas de comprimidos vazios, aquilo me apertou o coração, eu precisava encontra-la, segui até o quarto, ela não estava lá, na cozinha também nada, corri ao banheiro e a cena que encontrei lá foi desesperadora.
Kiana estava deitada na banheira imersa na água, eu precisava fazer alguma coisa, ela não pode morrer. Sem pensar duas vezes eu a puxei pelo braço para tira-la de dentro da banheira, a deitei no chão, fiz massagem cardíaca, eu precisava leva-la a uma emergência mas ela não resistiria, eu não podia fazer respiração boca a boca, e o beijo da morte? O que eu poderia fazer?
Andei em círculos pelo pequeno banheiro pensando em qual solução isso teria, eu não tinha mais tempo, eu precisava fazer a respiração boca a boca ou ela morreria.
Me ajoelhei ao seu lado, cheguei próximo ao seu nariz, ela não estava respirando, respirei fundo e encostei minha boca na dela. Eu precisava salva-la.
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O beijo da Morte
Любовные романыPosso te contar uma coisa? Eu estou apaixonada pela morte, sim, é isso que você ouviu, não é nenhuma expressão romântica de clichê adolescente, eu não durmo em cemitérios nem tomo vinho em crânios.. A morte é uma entidade ancestral, ela já estava aq...