Hold On

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Eu não podia dizer que sentia falta dela porque isso incentivaria qualquer sentimento que ela tivesse por mim, mas eu também tinha sentido a falta dela, muito mais do que eu gostaria de sentir. Será que a morte poderia ter sentimentos também?

— Kiana, você precisa procurar ajuda

— Mas eu não quero ajuda

— Mas você precisa, essas coisas que você sente te fazem mal

Ela fechou o rosto, sua expressão ficou completamente triste e ela começou a chorar, eu obedeci meu impulso de abraça-la

— Meu bem, você precisa de ajuda, me deixa te ajudar

E eu nem percebi que a tinha chamado de "meu bem", espero que ela também não tenha percebido.

— Humpf – ela suspirou

— se você preferir eu vou com você até a Dra Crain

Seus olhos se iluminaram

— Você iria?

— Sim, eu vou com você

Ela ainda relutou um pouco mas acabou cedendo, nós iriamos ao consultório amanhã pela manhã, eu asseguraria que ela iria

— Você pode passar essa noite comigo? – ela disse, eu nem sabia se podia mas assenti com a cabeça

— Eu durmo aqui no sofá – eu disse

— Tudo bem – ela disse se sentando em um dos lados do sofá, que tinha o formato de L

— Você não vai dormir no seu quarto?

— Eu tô com medo de dormir sozinha

— Tudo bem, dormiremos no sofá – eu disse me sentando e esticando as minhas pernas em cima do sofá, ela se aproximou de mim e encostou sua cabeça no meu ombro

— Tudo bem se eu ficar aqui?

— Claro – eu disse enquanto acariciava seu cabelo

Alguma coisa tinha acontecido além do crime de James, eu precisava saber o que era, espero que ela conte a minha mãe, digo, a Dra Crain.

(Visão de Kiana)

Kieran aceitou passar a noite no meu apartamento, eu estava com medo de ficar sozinha e sóbria desde o que aconteceu aquele dia no necrotério, aquela moça me mandou ficar longe dele, mas por quê? Quem era ela?

Ele praticamente me obrigou a buscar ajuda psicológica e eu relutei, tinha medo do que a médica iria dizer porque eu estava em um estágio de ter alucinações e aquilo me deixava quase insana.

— Em que você tanto pensa? – ele disse

— Você sabe – eu disse com receio, me esqueci completamente de que ele lia mentes

— Eu não consigo ouvir a mente de pessoas que estão com alguma droga no organismo

- suspirei aliviada –

— Nada, apenas estava pensando em como vai ser o dia de amanhã.

— Não se preocupe – ele disse apertando o braço que estava em mim para meio que me abraçar, pelo menos foi o que pareceu – a Dra Crain é uma ótima psiquiatra, eu e ela vamos te ajudar

— Você?

— Sim – ele assentiu e inclinou a cabeça para trás e ficou fitando o teto, eu me afastei de seu abraço e deitei minha cabeça em seu colo, ele desceu a mão até os meus cabelos e eu adormeci.

Quando acordei no outro dia de manhã ele não estava mais no sofá, será que tudo aquilo foi um delírio meu? Me sentei no sofá e a vontade de chorar foi inevitável, comecei a sentir um cheiro de queimado, o que diabos estava acontecendo?

O beijo da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora