Zelda (2)

80 10 1
                                    

Foi necessário apenas essa vez para que eu ficasse grávida, eu e Morgan já estávamos morando juntos e ele tinha a confirmação de que eu era realmente uma bruxa, nós estávamos apaixonados e ele me protegia a todo custo, avisando a mim e a minha família de que os religiosos estavam vindo para mais uma vistoria.

Eu já estava no nono mês de gestação, o nome dela seria Kiana, era o feminino de Cayna, que significa aquele que tem, possuidor, Kiana seria possuidora de enorme poder porque eu fiz um feitiço que selava todo o meu poder de gerações dentro dela pois já temia pela minha vida, assim ninguém tocaria nela.

Era uma sexta chuvosa, passava das 3h da manhã e eu estava sozinha na cabana de Morgan até que senti as contrações

— Sério que você quer nascer agora Kiana?

E assim foi, eu dei a luz a kiana sozinha na cabana, sobrevivi porque nós mulheres somos muito fortes, a lavei e coloquei em um cesto improvisado pois Morgan ainda não tinha terminado de fazer seu berço, eu estava exausta até que ouvi vozes lá fora

— Queimem a bruxa

A porta foi derrubada, tinha cerca de 40 pessoas lá fora, todos com tochas na mão repetindo os dizeres

— QUEIMEM A BRUXA

Não pensei duas vezes e invoquei um portão temporal que nos levasse para uma data segura, eu não sei nem que ano era apenas sabia que não poderia ficar ali por muito tempo, as casas eram diferentes, as luzes e tinham ferros que andavam sozinhos, como carroças sem cavalo, me concentrei em bater em uma porta, uma senhora atendeu e eu apenas entreguei em sua mão

— Por favor, proteja minha filha

Só tive tempo de soltar o cesto e estava de volta a realidade, eu vi Morgan dentro da multidão, ele não gritava porém não fez nada, apenas deixou que me levassem. Me jogaram em uma charrete com mais 12 mulheres, eu conhecia apenas uma delas, Roxy Greendale, minha prima

— Roxy?

— Zelda? Oh Zelda

— O que está havendo prima?

— Estamos sendo acusadas de bruxaria

E nós seguimos até a árvore da morte, nós 13 fomos colocadas diante de toda a multidão com cordas em nossos pescoços

— A IGREJA AS ACUSA DE BRUXARIA ATRAVÉS DO REPRESENTANTE ARCEBISPO BLACKHOOD

— Matem as bruxas – a multidão esbravejava

— através do inquisidor Morgan Khalid eu as condeno a morte por enforcamento por pratica de bruxaria.

Eu não sabia nem onde minha filha estava, eu estava sendo julgada e morta em nome de um patriarcado que tinha medo de mulheres livres. Eu perdi meus direitos, tive minha filha arrancada de mim, fui traída pelo homem que eu amava, o pai da minha filha, eles pagariam, nem que eu tivesse que negociar a minha vingança com o próprio senhor das trevas.

O beijo da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora