Eu não vi Kieran desde a noite anterior, ele não voltou, apenas deixou um cartão na minha cômoda. Dra Theodora Crain, tinha um telefone e um endereço e lá dizia que ela era Psiquiatra, eu abri a gaveta da cômoda e guardei aquele cartão, eu não queria ajuda, eu queria morrer. Só isso.
Meus dias passavam em câmera lenta, eu não tinha mais vontade de pintar, de ir pra faculdade, de sair com as minhas amigas, eu mal respondia as mensagens que recebia no whatsapp. A única coisa que eu ainda tinha vontade de fazer era estar na morgue, que alias já estava quase na minha hora, peguei uma banana que estava em cima da mesa e fui em direção ao estacionamento pegar meu carro para ir. Parei em frente ao elevador do prédio e chamei por ele, ele estava parado no 7° andar e não descia, decidi ir pelas escadas porque eu já estava atrasada.
Desci as escadas relativamente rápido e cheguei ao estacionamento, estava frio e eu estranhei porque não era época para estar frio, estávamos no que eu chamo de pré verão, caminhei por entre os carros até chegar ao meu, no que eu me viro para entrar me deparo com uma moça deitada no chão
Eu tentei não ter um colapso, eu estava acostumada a ver gente morta mas não assim, sem preparo, Eu não conhecia aquela moça mas me aproximei do seu rosto e fechei seus olhos, era uma forma de respeito a ela. Chamei a polícia e fiquei esperando que viessem isolar a cena, nesse meio tempo liguei para o Carl avisando que iria me atrasar e relatando o ocorrido, ele pediu que eu fosse assim que liberassem o corpo, basicamente eu iria junto com o carro do IML, isso não me deixava nada confortável.Fiquei sentada na sala da policia enquanto eles colhiam meu depoimento, eu não tinha muito a dizer porque apenas encontrei o corpo, não havia sangue no chão nem indícios de crime, não a uma primeira olhada mas logo eu iria saber pois ajudaria o Carl na autópsia.
Depois de duas horas de pura burocracia eu e o corpo fomos liberados para ir ao IML, fui na frente junto com o motorista e não demorou a chegarmos ao Necrotério, Carl veio nos receber, creio eu que ele estava mais animado com o novo corpo do que com a minha chegada, mas relevei, eu e Carl nos tornamos bem amigos porque, segundo ele, ninguém nunca quer fazer estágio no necrotério, pelo menos ninguém normal.
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O beijo da Morte
RomancePosso te contar uma coisa? Eu estou apaixonada pela morte, sim, é isso que você ouviu, não é nenhuma expressão romântica de clichê adolescente, eu não durmo em cemitérios nem tomo vinho em crânios.. A morte é uma entidade ancestral, ela já estava aq...