Prologue

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Entrei em casa e estava tudo escuro, minha mãe provavelmente deveria ter ido à Igreja como faz em algumas sexta-feiras, meu padrasto deve tê-la acompanhado e levado os meus irmãos. Não me importei muito com o fato de estar sozinha porque desde pequena sempre fui muito independente. Fui ao banheiro tomar um banho para relaxar e tirar de mim toda a tensão de um dia relativamente cansativo.

Logo após tomar meu banho e colocar o meu pijama decidi fazer um brigadeiro para relaxar, talvez colocar algum filme adolescente triste e me perguntar quando foi que eu perdi o controle da minha vida, não era nada disso que eu queria para mim. Nos meus planos de quando eu tinha 12 anos eu estaria em Hollywood sendo amada por uns e odiada por outros, mas já estou com 19 e tudo o que consegui foi ser amada por alguns pais e odiada por outros, já que sou professora.

Me formei como professora de educação infantil esse ano e graças ao fato do meu irmão por parte de pai ser um pouco conhecido onde moramos consegui um emprego em uma escola particular perto de casa, mas mesmo assim ser professora é muito estressante porque não existe nenhum respeito, tanto da parte dos pais, quanto da parte de alguns alunos.

Mas eu amo crianças, e amo estar na companhia delas, apesar de que não era isso que eu queria pra minha vida.

Quando minha mãe chegou eu estava jogada no sofá olhando para a TV desligada tendo meu momento depressivo.

-Por quê a TV está desligada? - Ela perguntou tirando os sapatos e eu dei de ombros.

-Não estava com vontade de assistir.

-Hoje cedo chegou uma carta para você. - Franzi o cenho pois não estava esperando carta nenhuma. Principalmente porque estamos em tempos de tecnologia e tudo se resolve com uma mensagem pelo WhatsApp ou até mesmo pelo Gmail.

-A senhora abriu? - Levantei uma das sobrancelhas e ela fez que não, e por incrível que pareça, ela não tinha aberto mesmo.

O remetente estava em negrito e bem grande no envelope, as siglas 'CCPAM' me fizeram sentir um frio na barriga, fazia meses que eu estou esperando por essa carta, tinha até me esquecido. Abri o envelope com urgência e prendi a respiração passando os olhos por cada palavra que fora digitada e impressa naquele papel.

'Dear, Kayra

Congratulations! The Admission Commitee joins me in the most rewarding part of my job-offering you admission to Canadian College of Performing Arts and Music and inviting you to join our class of 2018.

You have set yourself apart, and we are impressed and inspired by your passion, determination and accomplishment. We acknowledge and celebrate all you have worked for with the good news this letter brings.'

Não terminei de ler tudo pois a emoção foi mais forte, me levantei alegremente e comecei a gritar de felicidade. Só esqueci um detalhe, minha mãe não sabia o que eu tinha feito.

-O que tem nessa carta que te deixou tão feliz? - Meu padrasto perguntou, respirei fundo pronta para dar a notícia, mas sabendo que não seria recebida muito bem.

-Alguns meses atrás eu me inscrevi em um colégio de artes, e essa carta chegou confirmando a minha admissão. - Decidi que não teria rodeios, seria mais fácil. - Eu não sabia que tinha sido admitida, e tinha até me esquecido, mas parece que eu fui aceita.

-E onde é isso, Kayra? - Minha mãe perguntou em um tom frio e distante.

-No Canadá. - Ela se levantou contrariada.

-Você não vai!

-Posso saber o motivo? - Me levantei também ficando de frente para ela.

-Eu não vou deixar. - Ela respondeu como se fosse óbvio, revirei os olhos e ri irônica.

-A vida é minha, eu sou de maior e irei para onde eu quiser. - Peguei a carta e respirei fundo. - Sinto muito se você prefere me ver triste do que feliz, mas eu vou em busca da minha felicidade.

-Não te aceito de volta se você sair dessa casa!

-Não se preocupe, - Olhei para ela deixando que percebesse toda minha mágoa pela falta de apoio. - não voltarei.

Destiny - Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora