Chapter I

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Saí do aeroporto com as minhas malas que nem eram tantas. Tinha que perder a vergonha de pedir informação e de falar em inglês. Tudo bem trabalharmos os lances de perder a vergonha, mas trabalhar duas vergonhas juntas é um pouco demais para mim.

Olhei em volta e tinha alguns carros e táxis parados na frente do aeroporto, pessoas entrando e saindo, um pequeno aglomerado de meninas e meninos em volta de um menino relativamente alto. Não liguei tanto porque pode ser um artista de rua, apesar de não estar fazendo nada de especial. Peguei minhas duas malas na mão e ajeitei a minha mochila nas costas, respirei fundo três vezes lembrando dos 5 anos que passei tendo aula de inglês, das músicas que eu ouvia, das séries e filmes que eu assistia. Não pode ser tão ruim assim.

Observei cada motorista de táxi, pra mim tinha que aparecer amigável. Vindo do Rio de Janeiro, aprendi a fazer as coisas com cautela, principalmente quando eu não conhecia o indivíduo. Andei distraidamente observando a face dos seres humanos que estavam parados tentando encontrar um cliente, porquê o campus não podia mandar motoristas para buscar alunas Intercambistas eu não sei, mas irei sugerir essa melhoria no atendimento. Ganhei bolsa completa pelo meu rendimento escolar e entrevista, era quase como uma faculdade em outro país, porém eu vou passar apenas 18 meses, mas isso será o suficiente para eu tentar ficar na cidade. Sem distrações.

Sem perceber dopei com um homem que tem o dobro do meu tamanho e da minha largura. Ele me olhou como se eu fosse uma formiga e eu me encolhi.

-Desculpe. - Murmurei em português, esquecendo que não era o Brasil e se fosse, ele estaria me xingando até ele ou eu sumir de vista, e mesmo assim continuaria xingando pelo pensamento. Ajeitei minha postura e dei um sorriso de lado. - Desculpe. - Dessa vez foi em inglês e sem gaguejar.

-Sem problemas, - A voz dele era grossa e potente. Graças a Deus não me deu nenhum branco com o idioma e eu entendia tudo o que ele falava. - só tome cuidado na próxima vez.

Deixei a cabeça um pouco torta e franzi o cenho, esperando que aquilo não fosse uma ameaça.

-Tomarei. - Murmurei enfim.

-Vai tirar uma foto? - Ele apontou pro aglomerado de pessoas, e eu pude ver melhor o menino no meio. Eu já o havia visto, mas não sei onde por isso dei de ombros e neguei com a cabeça. Ele pareceu meio surpreso.

-Tchau. E desculpa, de novo. - Olhei para a rodinha novamente e o olhar do menino se encontrou com o meu. Tenho que admitir, o sorriso dele era maravilhoso e os olhos castanhos eram meio vesgos.

Me virei para frente para não esbarrar em mais ninguém, mas a sensação de que o conhecia ainda estava comigo, a ignorei. Quando cansei de observar os motoristas, fui até um táxi apertando a alça da mala com certa força, o homem estava despreocupado olhando o celular, se fosse no Rio já teriam o assaltado faz tempo.

-Com licença. - Pigarreei quando senti minha voz falhar, e ele me encarou. - Bom dia. Pode me levar para esse endereço? - Entreguei o papel que continha o endereço da CCPAM (Canadian College of Performing Arts and Music).

-Bom dia. Claro, só entrar. - Ele abriu a porta do táxi e eu fiquei parada observando, será que é muito longe pra eu ir andando?, pensei mordendo o meu lábio inferior. - Vai ou não? - Me despertei do meu transe e o encarei dando um sorriso de lado.

-Sim. - Entrei e esperei ele colocar as malas no porta-malas, depois dar a volta no táxi e se sentar no banco do motorista finalmente me levando ao meu destino.

Quando cheguei no campus paguei a corrida, e me virei para o colégio. O campus era bem grande e tinha cinco prédios, o do meio era mais alto, aposto que a administração do colégio e a maioria das salas ficam nesse prédio, seguindo minha intuição, fui diretamente nele. Assim que cheguei à recepção, uma mulher robusta de olhos cor avelã me observou.

Destiny - Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora