O tempo passou muito rápido. Rápido até demais. Não acredito que já estou indo pra Coréia. Bruna e Laura estavam chorando ao meu lado.
- Amiga, nunca se esqueça de mim. Me ligue todo dia tá bom? Não se esqueça que eu sou a melhor amiga que você poderia achar. - E com um sorriso molhado por lágrimas ela me abraçou.
- Querida, seja sempre maravilhosa como você é. Eu te amo muito. Você é como uma segunda filha. - Dona Laura disse. Eu Abracei as duas, ficamos conversando um pouco até alguém me gritar
- Anne! Anne! - Me virei
- Oi, mãe. -
- Anne! Como você pode? Como você estava indo embora sem sequer falar comigo? -
- Mãe, acho que não temos o que falar.-
- Não me trate assim, Anne. Eu sou sua mãe. -
- Como eu já disse, isso não ameniza nada. Pare de ser idiota. Vai viver com sua família. - Falei e ela fez cara de indignação
- Anne, como você fala assim comigo? - Ela gritou no meio do aeroporto atraindo atenção de muitas pessoas - Como você pode ser tão, imbecil? - respirei fundo
- Acho que a imbecil aqui não sou eu. - Dei de ombros, por dois segundos ela permaneceu me olhando assustada, mas em um milésimo sua mão já estava na minha bochecha
- Você é maluca? Qual é seu problema, sua vagabunda? - Bruna gritava enquanto empurrava minha mãe
- Esperava mais de você, Amélia. Tratar sua própria filha assim. Sua nojenta. Não merece um por cento mesmo do amor que Anne podia te dar. Merece a personalidade que tem. Porque você é no jen ta. - Laura disse segurando a mão de Bruna, então só acordei do transe quando ela me puxou até as cadeiras do aeroporto. Levei alguns segundos pra raciocinar o que aconteceu.
- Você tá bem? - Bruna perguntou
- Estou. Eu acho. - Falei pegando meu celular - Oi pai. - Falei quando ele atendeu
- Oi pikachu. Esta vindo? -
- Estou no aeroporto. - Sorri
- Você está bem? Sua voz está estranha. -
- Não é nada demais. Mamãe só veio correndo igual uma maluca e me acertou um tapa na cara. - Ri ironicamente
- O que? Ela, ela fez isso? Aquela... idiota fez isso? - Ele se irritou
- Relaxa. Laura e Bruna estão cuidando de mim. O resto eu conto quando chegar aí. Esta animado pai? -
- Estou. - Ele respondeu mas não muito empolgado
- Não me parece tão feliz -
- Mas eu estou. Só não acredito que sua mãe fez isso. -
- Não se preocupe. Só liguei pra avisar que daqui a pouco eu estou indo. Ah, dormir num avião. Parece ruim. - meu pai finalmente riu
- Não é pra tanto. - Sorri
- Beijo pai
- Beijo, meu pikachu. - Então desliguei. Bruna fervia ódio pelos olhos. Dona Laura estava lendo uma revista, mas suas mãos ainda estavam tremendo
- Vagabunda idiota. - Bruna resmungou
- Não se preocupe. Agora eu sei quem ela é mesmo. - Sorri e peguei sua mão- Se controle, Bru. - Ri
- Tudo bem. - Ela respirou fundo
De repente a voz soou no aeroporto avisando sobre o vôo para Seul. Então dona Laura e Bruna me olharam assustadas
- Mas já? - Dona Laura se levantou enquanto lágrimas surgiam nos olhos de Bruna. Nos abraçamos, nos despedimos e eu embarquei. Peguei meus fones e fui ouvindo música. Seria um caminho muito grande.
- Com licença, posso sentar aqui? - uma menina alta de pele branca, usando óculos, seus cabelos eram quase do mesmo tom que o meu, castanhos, mas ela tinha pontas roxas. Estava usando um shorts de moletom e uma blusa branca de manga longa.
- Claro. - Falei.
- Você está chorando. Sei como é isso. - Ela sorriu
- É, complicado. - Sorri
- Qual seu nome? -
- Anne. -
- Sara. Prazer. Esta indo pra Seul fazer o que? -
- Prazer. Estou indo morar com meu pai. - Sorri - E você? -
- Morar lá. Desde pequena tive esse sonho. Todos pensavam que era loucura e que eu nunca iria conseguir, mas aqui estou eu. Você sabe falar coreano? -
- Não. Apenas inglês, mas vou me matricular na aula de coreano. -
- Que legal. - Se sentou - Suas roupas são bonitas. - Apontou pra mim
- Sério? - Ri ironicamente. Eu estava de calça de moletom cinza e uma blusa longa rosa clara. - Isso é apenas confortável. - Ela sorriu e pegou uma revista para ler.
- Podemos ser amigas de vôo. - Ela sorriu
- Sim. - Concordei. A aeromoça deu as instruções logo após decolarmos. Eu pensei em tudo o que estava acontecendo, realmente não estava sendo fácil pra mim, mas como J Hope me ensinou, aprenda a ver os pontos positivos: eu descobri a minha outra família, Bruna e tia Laura. Passei ótimos dias com ela. Meu pai não vá se machucar novamente e talvez estaríamos escrevendo um novo capítulo pra nossa história, e, por último: fiz uma amiga de vôo.
Sorri, a toa, de repente, apenas sorri sinceramente de olhos fechados. Sorri pro nada apenas agradecendo à "Minha esperança" por me ensinar coisas que eu realmente vou levar pra toda vida.