Capítulo 59

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Hoseok narrando

Passamos o dia passeando e chegou a noite. Estávamos todos sentados e eu sem nenhuma resposta de Anne. Será que eu a magoei?
Aish, é óbvio que a magoei. Não tenho coragem nem de pegar o celular para ver se ela visualizou ou não. Por favor Anne, fique bem.

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Anne narrando

Acordei atrasada pois tinha esquecido de arrumar o despertador. Mal deu tempo de me arrumar e saí correndo, cheguei na faculdade atrasada.

- Ei, o que aconteceu? Você nunca se atrasa. - Lidy sussurrou enquanto eu fazia algumas anotações do que o professor passava nos slides.

- Pois é. Esqueci de ativar o despertador. -

- Hm, fiquei preocupada. -

- Lidy, é você mesmo? - Brinquei

- Sou. - Ela disse me olhando com desdém e eu ri baixo

- É porque você não se preocupa com as pessoas. -

- Exatamente, se considere especial. - Sorri e voltamos a prestar atenção no professor. Estava indo a caminho da loja, não estava com nada de fome pra almoçar. Peguei meu celular mas estava sem bateria. Resmunguei e o coloquei dentro da bolsa de novo.

- Olá, Sun. - Falei sorrindo

- Oi! Caramba, chegou cedo. - Ela disse

- Yah, não diga palavrões. - sua mãe a repreendeu

- Isso não é um palavrão. -

- Mas não diga. - Ri - Me desculpe, Anne. Como esta? - Ela disse se dirigindo a mim

- Ah... bem, eu acho. - Sorri. Bem, tirando o fato de o enterro do meu pai ser hoje, de minha mãe não dar sinal de vida pra mim, de o Hoseok estar me matando de preocupação, estou maravilhosa.

- Não me parece muito bem. - Ela disse

- Ah... é que acordei atrasada então.. - Ri baixo

- Ah, sim. - Ela assentiu - Está muito cedo. Você comeu? -

- Ah, sim! - Menti

- Bom, ok. Agora não é seu horário de trabalho então fique sentada em frente ao balcão fazendo o que quiser - Ela sorriu

- Ahn, não mesmo! Eu posso ajudar. -

- Yah, Anne, não seja teimosa. - Ela disse mas eu a convenci de ajudar. Coloquei meu celular carregar e fui atendendo até o final da tarde. O dia foi cansativo, mas, produtivo. Saí de casa morta, por dentro e por fora, e corri até em casa. Tomei um banho e arrumei uma roupa discreta para ir ao velório. Eu não chamei ninguém. Não há ninguém digno de vê-lo, e quem é, não pode. Peguei um táxi e fui até o cemitério de Seul, bem afastado. Entrei e me dirigi a quadra 15, iluminando o caminho com meu celular, e as lágrimas molhando meu rosto. Achei algumas pessoas ao lado de um caixão apoiado em algum tipo de carrinho. Me dirigi até lá.

- Annyeong. - Falei com a voz baixa e falha.

- Annyeong. - Eles disseram, fazendo uma reverência, e saíram. Foram se sentar em um banco a uns vinte metros de distância, de costas para mim. Olhei dentro do caixão que media até a minha cintura em cima do carrinho, e passei a mão pelo pano branco de Seda. As lágrimas começaram a vir cada vez mais fortes, e eu não me importava em segurá las. Eu não estava forte ali. Eu não precisava estar forte ali. Eu não queria estar forte ali. Chorei, soluçando, eu estava destruída. Meu chão se acabou.

- Take a piece of my heart
And make it all your own
So when we are apart
You'll never be alone
You'll never be alone
You'll never be alone
When you miss me close your eyes
I may be far but never gone
When you fall asleep tonight
Just remember that we lay under the same stars
And hey
I know there are some things we need to talk about
And I can't stay
Just let me hold you for a little longer now - Cantei baixinho entre soluços, enquanto olhava para o rosto sem vida do meu pai. Eu o amava tanto. As vezes o mundo é cruel de mais, e nós precisamos de pessoas pra nos ajudarem a o suportar, mas eu estava sem ninguém. Era apenas eu e eu nessa guerra, até que Hoseok voltasse. O mundo não é digno de ninguém. O mundo não é digno nem mesmo dos ladrões, ou mesmo dos traficantes e assassinos psicopatas. As pessoas nascem puras, o mundo as proporciona coisas tão cruéis, as deixa sozinhas, e elas pensam que não conseguem mais lutar, sozinhas. Eu me sentia assim, mas eu sei que posso lutar. Eu sei que vou superar. O problema é que, às vezes o mundo não enxerga que está exagerando? As vezes ele não vê o quanto está proporcionando desgraças nas vidas das pessoas? Isso não é o bastante pra ele? Não, não é. Estamos constantemente em teste, e não importa, se estamos sozinhos ou não, se estamos feridos até a alma, temos que prosseguir. Pra que nos possamos ir sabendo que lutamos até o fim. Pra deixar esse mundo. E meu pai lutou. Meu pai superou o mundo. E agora ele se foi. Estava na hora deixar que tudo se fosse. Suspirei e caminhei até as pessoas sentadas que conversavam algo. - Hm... terminei. - Falei e eles assentiram se dirigindo ao caixão. Os acompanhei e antes de eles enterrarem aquele caixão, pus as minhas mãos sobre as dele e sussurrei - Está tudo bem... pode ir. - Falei em meio aos soluços e mais lágrimas que surgiam. Depois de o enterrarem saí o mais rápido dali e fui para casa de táxi. Ao chegar corri para meu apartamento, chorando. Me derramei aos prantos e me lembrei, que minha mãe não tinha dado a menor importância. Um ódio me dominou e peguei meu celular discando seu número.

- Alô? Anne, são oito da manhã, por favor me diga que é algo impo... -

- Você é idiota? Você é a pior pessoa que eu já vi. Você não tem o menor caráter de vir ao enterro do seu ex marido que VOCÊ traiu! Você é uma idiota que não dá valor a nada que tem. Que eu espero que cresça e aprenda e se fuder muito, muito na sua vida, pra ver o quanto é uma imbecil sem caráter. Não me chama mais de filha. É uma vergonha pra mim ter o mesmo sangue que você. - Gritei e desliguei. Joguei o celular no sofá e comecei a chorar. Ela não se importou de ligar de novo. Que bom. Me desabei, despedacei.

Não sei quanto tempo se passou mas acordei no meio da escuridão, peguei meu celular e eram três da manhã. Tinha adormecido no sofá. Fui beber uma água com os olhos ainda ardendo. Voltei e peguei meu celular me jogando no sofá. No ecrã eu vi: Mensagens de Hoseok. Respirei fundo e cliquei devagar desbloqueando meu celular. Eu só esperava que ele dissesse: Ah, me desculpe, eu estava em um momento difícil, mas não. Ele ajudou a me destruir quando mais precisava de ajuda. Não o xinguei como ele pediu para que eu fizesse, não o condenei como pediu para que eu fizesse. Eu apenas desliguei meu celular, o deixando de lado no sofá, e voltando a desabar. Obrigada, Hoseok, quando mais precisei de você, você só me ajudou a me matar aos poucos.

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