- Não vai se levantar? - Perguntei me sentando
- Não. - Assenti e Abracei meus joelhos. Eu estava sentada de frente para a televisão, e ele deitado no celular na mesma posição. Permaneci encarando a TV. Será que, meu pai está bem? Será que eu já posso ligar de novo para a delegacia, que eles vão dizer: "Achamos ele. Ele está perfeitamente bem." Ou será que se eu ligar vão dizer a mesma coisa: "Ainda não temos notícias."? Eu estou sentindo tanta falta dele. Fico sem o ver durante cinco anos, e quando o reencontro, poucos meses depois ele desaparece. Deixei uma lagrima solitária percorrer minha bochecha, mas nem me importei. Apenas virei lentamente o rosto pra tentar esconder a lágrima de Hoseok. Não queria enxugar, porque ele ia perceber, e não quero o incomodar em um domingo de manhã, mas antes mesmo que pudesse pensar ele já estava agachado a minha frente
- Anne... - ele disse suavemente - Ah, não faça isso comigo. Por favor... eu não consigo te ver assim. O que aconteceu? - Ele perguntou em um tom baixo e suave
- Nada. - tentei desviar o assunto e ele suspirou
- Você não estaria assim por nada. Me diga. -
- Meu pai. -
- Vamos ligar. -
- Não. -
- Por quê? -
- Porque eles vão dizer sempre a mesma coisa: ainda não temos notícias. Te avisamos em breve. -
- Mas eles podem não dizer isso. -
- Hoseok, eles vão. Qualquer notícia eles iram mesmo nos avisar, se não ligaram até agora, é isso. -
- Anne, pode não ser isso. -
- Hoseok, é isso o que vão dizer. Eu já sei a resposta, e ouvir essa resposta de novo só vai me machucar. Você não entende? Isso só vai me fazer lembrar que ninguém sabe sobre meu pai, e que estão procurando há muito tempo, mas que não acharam algum vestígio dele. Eu sei o que vão dizer e ouvir essas coisas só vai me machucar mais, Hoseok. - Falei de uma vez e desviei o olhar dele. Eu estava com tristeza e raiva, não sei porque, mas Hoseok não devia insistir nisso. Eu não conseguia suportar seu olhar, então o desviei pra qualquer canto da sala. Ele permaneceu imóvel, agachado, aos meus pés. Encarando qualquer canto atrás de mim como se estivesse refletindo. Ouvimos o barulho da porta e Jimin saiu sonolento
- Bom di... Ahn...- ele arqueou a sobrancelha confuso mas deu de ombros e foi pra cozinha. O máximo que consegui lhe dar foi um sorriso fraco. Ele depois de pouco tempo passou de novo pelo corredor indo pro quarto. Finalmente Hoseok se levantou e se sentou ao meu lado, colocando minha cabeça delicadamente em seu ombro.
- Desculpe. - ele disse.
- Não peça desculpas. - Falei por fim e ficamos calados