3. L U Í S A

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3.

Luísa

Na manhã seguinte, acordo sem o toque estridente do despertador. Sim, por incrível que pareça, Luísa Garcia conseguiu levantar antes do despertador e foi uma grande vitória, se não fosse por esse maldito enjoo matinal.

Cá estou mais uma vez, com a cara na privada, pondo todos os bofes para fora, mesmo não tendo mais nada em meu estômago, visto que ainda são 6h da manhã.

De hoje não pode passar, preciso ir ao médico, saber se estou perto de morrer, ou se é alguma infecção alimentar. Por que olha, já não aguento mais colocar minha sagrada comida para fora, desse jeito.

Assim que sinto que já não vomitarei mais, me levanto e tomo um banho, lavo meu longo cabelo loiro, herança de dona Carla, e o enrolo em uma toalha, enquanto me enxugo e vou procurar uma calcinha para vestir.

Abotoo o sutiã e visto o vestido tubinho, de decote quadrado pouco abaixo dos joelhos, um dos únicos que ainda tenho guardado, da época da faculdade, mas acho que dei uma engordada, por que sinto uma leve proeminência em minha barriga, mas também, quem me mandou comer tanto, não é mesmo?

Assim que sair meu primeiro salario, vou pagar minhas dividas e procurar uma academia aqui pertinho para frequentar após o trabalho.

Seco meu cabelo com a ajuda do secador e da escova, e o deixo liso escorrido como de costume, passo uma maquiagem leve, apenas destacando meus olhos azuis e um batom vermelho, onde retirei o máximo que consegui os excessos, o deixando com uma aparência natural. Calço os saltos – da Raquel – passo o meu perfume que já está nas ultimas também e pego minha bolsa, tranco a porta e vou para o apartamento da frente, ela já está entreaberta, e entendo que eles já me aguardam para o café da manhã.

— Bom-dia, família! – Digo ao encontra-los já sentados à mesa.

— Você é realmente a lulu da pomerania? Por que a andarilha que estava aqui ontem não é você! – Marcelo brinca e eu reviro os olhos para ele.

— Idiota. Essa é minha versão Boss Woman, querido. A partir de hoje só me verão assim. Apesar que eu adoro e preso muito o meu conforto em meus pijamas largados. Talvez essa versão eu deixe para o trabalho e em casa, para o seu incômodo e meu prazer, eu mantenha meus pijamas.

Eles riem.

— Vou te presentear com um pijama novo então, aquele seu de ver Deus está mais do que na hora de ser jogado fora. – O palhaço que eu ainda insisto em chamar de amigo, gargalha, engasgando de repente.

Raquel levanta preocupada soprando no rosto do marido, e eu apenas o olho, segurando meu copo de suco e sorrio de forma malvada

— É castigo. – Digo, bebendo um gole rapidamente.

Não tenho fome hoje, e isso pode ser considerado um grande milagre, descido fazer um embrulho de um pao com presunto e queijo para mais tarde e coloco dentro da bolsa, levo meu copo a pia e o lavo, deixando-o de boca para baixo no escorredor de louça.

— Não vai comer, Lulu? – Raquel questiona.

Nego.

— Não acha que consegue me acompanhar em uma consulta na Upa após o trabalho? Preciso saber se estou perto de bater as botas.

— Que Upa o que! Aproveita que a xuxuzinha vai em uma consulta hoje com o ginecologista e você vai junto.

— Qual a parte do eu não tenho dinheiro, você não entendeu Mar? – Indago, como se fosse obvio.

O Recomeço [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora