1 - L U Í S A

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1.

L U Í S A.


Um mês desempregada.

Trinta dias terríveis que tenho passado com o senhor Ângelo me infernizando por causa desse bendito aluguel.

Ainda bem que eu tenho o Marcelo e a Raquel, meus melhores amigos e vizinhos de apartamento para me ajudar. Caso contrário eu estaria em uma situação ainda mais difícil.

Já deixei currículo em tudo quanto foi buraco dessa porcaria de cidade pequena. E nada. Ninguém parece estar precisando de mais uma funcionária.

E como eu sei que o dia pode piorar, aprendi isso no mês passado, quando peguei aquele cafajeste do Caio me traindo com a morena siliconada da secretária dele, estou agora com a cara enfiada dentro da privada. Literalmente.

Já vomitei até as minhas tripas e estou prestes a colocar os meus órgãos para fora, já que não tenho mais nada no estômago em plena terça-feira e não são nem 10h da manhã!

Droga!

Até os ovos mexidos que a Raquel fez para mim já foram!

Preciso ir ao médico.

Quer dizer, agendar uma consulta, na imensa fila do SUS que tem no nosso Brasil.

Após a sessão cara no vaso logo cedo, passo no apartamento ao lado e grito pela minha amiga.

Nojentaaaaa! Abre a porta, quero mais ovos mexidos! – A morena abre a porta com os olhos arregalados.

— Luísa, você tem noção que eu fiz cinco ovos para saciar sua fome de leão? Fora os três pães, os copos de suco, o café com leite...

Ela começa a enumerar tudo o que eu comi e eu me estresso.

Raquel é uma negra, de cabelos longos e sedosos assim com sua pele, olhos cor de mel e lábios voluptuosos, corpo esguio e pernas torneadas, alguns centímetros mais alta que eu, o fascínio de muitos homens, mas é casada, com o meu melhor amigo. Marcelociumento.com, que falta pouco babar o chão que a esposa pisa. E vice-versa, os dois casaram-se bem cedo, logo no início da faculdade de direito e estão juntos há seis anos.

— Iiiih vai ficar regulando o que eu como e o quanto eu como? Vou para casa. – Assim damos início à chantagem.

E ela vai me chamar em 3, 2...

Ela sempre chama!

Lulu da pomerania, volta aqui que eu faço mais comida para você. Mas hoje ainda vamos ao médico! Está me ouvindo? – Eu abro o meu melhor sorriso cara de pau e entro em seu apartamento bem melhor decorado que o meu.

Em pensar que Raquel e eu vivíamos em pé de guerra no início da nossa amizade, ela morria de ciúmes do Marcelo, ele e eu sempre fomos como unha e carne por termos sido criados juntos, vizinhos de casas, crescemos brincando de bola na rua, jogando UNO no pátio da escola, tomando banho na chuva e sempre soubemos que o que tínhamos nunca, em hipótese alguma passaria da amizade, só que a senhorita ciumenta não entendia, e sentia ciúmes, uma vez quase agredimos uma a outra, por que eu fui brincar de chamar ele de meu amor, no início do namoro deles. Ela surtou e veio para cima de mim, gritando, dizendo que eles estavam namorando e que eu me acostumasse.

Marcelo como o bom entendedor de brigas entre mulheres ficou ao lado observando esperando o momento certo de interromper a nossa calorosa discussão.

O Recomeço [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora