6. L U Í S A

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6.

Luísa.


A sexta feira chegou mais rápido do que eu esperava. E junto com ela a minha viagem a trabalho com o Fernando. Ontem trabalhei no automático, o chefinho decidiu que não iria a construtora pois teria reuniões fora, pediu para que eu me preparasse para hoje e até saísse mais cedo.

Explicou que passará em meu apartamento as 7h da manhã e que seu motorista nos levará para o aeroporto. Precisei cuidar das nossas passagens, hotel, alimentação, e horário das reuniões, Fernando me deixou com o cartão de crédito da empresa e pediu para que eu fizesse os pagamentos, resumindo, que cuidasse de tudo para que ele não tivesse trabalho algum além de se fazer presente em todas oito reuniões que ele tem marcado para esse final de semana.

As 6:40 estou terminando de arrastar minha mala para a sala, coloco minha bolsa que ganhei de presente da Raquel sobre a mala, quando meu celular toca.

— O que é? – Indago sem olhar no visor.

— Estou aqui na portaria do seu prédio. – A voz rouca de Fernando soa do outro lado da linha.

Bato com a mão em minha testa.

Que mancada.

— Desculpe, pensei que fosse...

— Apenas desça. – Ele desliga na minha cara, enquanto olho para o celular.

— Estúpido. Eu não queria me explicar mesmo! – Esbravejo com o aparelho, tendo a plena noção de que o pobre coitado não tinha culpa de nada.

Coloco a alça da bolsa sobre o ombro e pego a pequena lancheira preta que comprei ontem e a enchi de comida, que comprei com o cartão do chefinho. Não tinha mais nada na geladeira e o pagamento ainda está longe, precisei com muito sacrifício – leia ironicamente isso aqui – usar o cartão ilimitado de Fernando Medeiros.

Pego a marmiteira e a seguro, arrastando a mala para fora do apartamento, confiro o gás e as luzes deixando-os desligados e tranco a porta, indo em direção ao elevador.

Avisto um homem vestido de preto e ele vem ao meu encontro, aperto minha bolsa nova e minha comida contra o corpo e penso em dar meia volta e ir para casa.

— Senhorita Luísa? – O de terno preto me pergunta.

— Depende, se for para me assaltar não sou não. Mas se for para me dar dinheiro, pode deixar comigo por que sou eu mesma. – Respondo, vendo o homem sorrir amplamente.

— Me chamo Rodolfo e sou o motorista do senhor Fernando, ele a aguarda no carro. Vim ajuda-la com as malas.

— E um baita homem daqueles não sabe descer e vir ajudar não? Tem que mandar os outros é? – Questiono, e Rodolfo trata de segurar o riso.

Vejo a janela do carro do outro lado da rua baixar e Fernando tira os óculos de sol e me encara.

— Seja breve, Rodolfo. Não dê corda para ela. Luísa tende a falar demais quando está nervosa.

Arregalo os olhos em sua direção não acreditando no tamanho de sua afronta e abuso!

Espero Rodolfo guardar minha mala, mesmo com ele me dizendo que não era necessário, e permito que abra a porta mim em agradecimento, coloco meus óculos de sol e evito o indivíduo ao meu lado.

— Demorou por que?

Semicerro os olhos para ele, que dá de ombros.

— Você combinou as 7h, ainda faltam dez minutos para a hora marcada! Não tenho obrigação de vir antes do meu horário só por que você pediu. – Reclamo, abrindo minha lancheira.

O Recomeço [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora