10. L U Í S A.

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10.

Luísa.


— Me Solta! – Caio me empurra com força, bufando de ódio e humilhação, apanhar de uma mulher deve ter ferido seu ego.

Tropeço em meus saltos e recuo alguns passos, vejo Fernando dar um passo a frente e apoiar seu braço a minha volta. Impedindo-me de cair feito uma jaca pobre no chão, graças a esse cretino de uma figa.

Começo a respirar fundo, sentindo uma forte cólica no pé da barriga e só então lembro-me do ursinho.

"Evite estresses, coisas e pessoas que te perturbem o sossego, Luísa. Para que sua gravidez não se torne de risco." – As palavras da doutora ecoam em minha mente e eu me desespero.

— Sai daqui seu maldito! – Cuspo em sua cara e ordeno que ele saia.

— Você ouviu, Caio. Saia. Saiba que lhe procurarei mais tarde para saber o que você fez para deixar a minha secretária dessa forma. – Fernando diz com uma voz beirando ao perigo, e até eu consigo sentir o poder da ameaça contida nas entrelinhas de sua fala.

Volto minha atenção a minha barriga, quando uma segunda cólica surge, como se eu estivesse para sangrar até a morte, e eu entendo que algo ruim irá acontecer se eu não correr para o hospital.

— Eu preciso sair daqui. – Digo apressada.

Fernando me olha confuso.

— Está se sentindo bem? Aquele... infeliz fez algo com vocês antes de eu chegar?

Nego, me contraindo com a dor.

Começo a suar frio e Fernando parece entender que realmente tenho que sair. Antes que algo aconteça.

— Venha, vou leva-la ao hospital. – Pega-me no colo e segue ao elevador ao lado.

— As pessoas vão...

— Shiii, esse é o meu privativo. Não se preocupe. Ninguém irá ver minha careta de dor enquanto carrego alguém pesada como você. – Brinca, querendo me distrair e momentaneamente consegue arrancar um sorriso meu, até a dor voltar a surgir.

Ele me carrega por todo o estacionamento subterrâneo, até pararmos ao lado do seu carro.

Assim que Fernando me coloca no chão para poder abrir a porta do passageiro, sinto minhas pernas molharem e ao olhar para baixo vejo sangue escorrer por minhas elas.

—Não! Não! Não! – Desespero-me e Fernando rosna nervoso.

Ajuda-me a sentar no banco com cuidado e coloca o cinto de segurança para mim, dando a volta até o seu lado e saindo apressado dali.

— Para onde? – Indaga.

— Hospital da luz, vou ligar para a minha médica. – Pego o celular com as maos tremulas e duvido muito que consiga discar algum número.

— Me dê. – Com os olhos na estrada, Fernando pede o celular para falar com a médica. — Como ela se chama?

— Marina.

— Doutora Marina? Bom dia, me chamo Fernando Medeiros, sim, é o número da Luísa, ela está perdendo sangue e eu estou a caminho do hospital. Poderá atende-la com máxima urgência? Obrigado, já estou chegando. – Ele me entrega o aparelho, seu rosto inexpressivo parece uma máscara para esconder seus reais sentimentos e em como ele está se sentindo.

Fernando não deveria estar aqui.

Eu é quem deveria estar resolvendo isso. Ele não tem nada a ver com isso.

O Recomeço [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora