9.
Luísa.
— Doente? – Indago, engolindo em seco.
Ainda ponderando se conto ou não para ele a verdade por trás daquilo que ele julga ser uma doença.
— Não diria bem que estou doente. Está mais para um mal passageiro.
Que após setes meses chegará ao fim. – Penso comigo mesma.
— Já foi ao médico? Tem certeza que não está mesmo doente? Hoje foi... horrível, você quase desmaiando no meu colo. Sabe como é, você é pesada. Pensei que seria obrigado a te carregar até o hotel. – Ele debocha, com um pequeno sorrisinho presunçoso grudado na boca.
Doido para que eu o faça engolir a força.
— Rá, rá, rá. Vou rir para o palhaço não perder o emprego. O circo tá perdendo sua brilhante atuação, Fernando.
Ele arregala os olhos.
— O que disse?
Mordisco os lábios e noto mais uma vez que falei demais.
Droga!
— Que o circo está te perdendo? – Questiono, já esperando sua fúria.
— Não, o que disse depois?
— Te chamei pelo nome.
Fernando alarga o sorriso e eu o encaro cada vez mais confusa.
Que homem mais estranho, eu hein.
— Respeito pelo seu chefe, nunca existiu. Não é mesmo? – Questiona em tom de ironia, me deixando nervosa.
Será que ele pensa que sou uma péssima funcionária com essa minha boca grande?
Pensei que ele gostasse da minha sinceridade.
— Olha, é o seguinte... eu só achei que poderíamos ser amigos. Não estamos mais na época em que patrão e empregada tinham uma relação comedida, seja para não poder falarem mais do que meias palavras um com o outro, ou para o chefe ter a secretária sobre sua mesa com segundas intenções. Ainda acredito que boas amizades podem sim surgirem de um ambiente de trabalho. Você não?
Ele me encara pensativo, e eu já começo a repassar minha fala, jurando te dito algo de errado.
Até Fernando assentir brevemente, concordando com minha divagação sobre amizade entre patrão e funcionária.
— Eu também acredito, Luísa. Se as duas pessoas pensarem da mesma forma, sim. Agora se somente uma querer a amizade e a outra não, as coisas não funcionarão bem dessa forma. Admiro que você pense parecido. Não é tão maluca quanto pensei.
Mostro língua para ele e agradeço a atendente, por ter chegado bem a tempo de me impedir apontar a minha faquinha de cerra em direção ao meu sarcástico e debochado chefe. Não seria uma visão muito agradável.
Fernando é tão confuso que as vezes tenho vontade de socar esse rostinho bonito.
Como agora.
— Prometo que não darei mancada na frente das pessoas. Podemos ser amigos em segredo. – Digo, sorvendo um gole do meu delicioso café adoçado como pedi e mordiscando minha torrada, com ovo.
Ele me encara sério, cerrando os punhos sobre a mesa, deixando-me assustada.
— Lição número 4: seja você mesma sempre, quando estiver comigo, seja na frente de quem for. Apenas seja você. Ok? – Assinto, ainda em choque com sua reação inesperada.
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O Recomeço [CONCLUÍDA]
SpiritualObra Concluída. ✔ Luísa Garcia 23 anos. ( uma jovem humilde, desbocada, alegre , GRÁVIDA do ex namorado cretino e de bem com a vida.) Perdeu a mãe aos 18 e passou pela pior fase ao ter que enfrentar o mundo sozinha, para colocar comida dentro de cas...