17. L U Í S A

8.3K 991 405
                                    

17.

Luísa.

Acordo na manhã seguinte com um barulho alto vindo do lado de fora, abro os olhos de repente, ainda me localizando seja lá onde quer que eu esteja.

Melancia com calda de caramelo. Sem gasolina. Mansão. Cara enterrada na privada. Fernando me emprestando sua roupa...

Ai não.

— Que tenha sido um sonho. – Peço baixinho.

Olho para baixo e observo a camiseta preta que era para dar duas em mim, mas devido a barriga, ficou justa, como uma botija de gás entalada pela capaz do gás. Acompanhada de um short que milagrosamente serviu.

É, realmente não era um sonho.

Estou vestida com as roupas do Fernando, dormi no quarto de hospedes ao lado do seu, e tem alguém batendo na porta, em pleno domingo.

DOMINGO!

Se eu estivesse em casa iria manda-lo plantar batata no asfalto, mas como sou visita, preciso parecer gentil. Mesmo não sendo.

— Já vai! – A batida volta a soar e eu preciso de um momento para respirar fundo antes de abrir. — Mais que droga! Já vai!

Fernando está parado a minha frente com uma bandeja dourada nas maos, recheada de coisas gostosas, e sinto automaticamente a ursinha reclamar pelos nutrientes perdidos pela madrugada, graças ao bendito desejo.

— Acho que vou voltar uma outra hora. Você não parece de bom humor. – Ele brinca.

— Eu nunca estou de bom humor. Entenda. Ao menos não logo cedo.

Pego a bandeja de suas mãos e levo até a cama, no centro do quarto, que claramente caberia os dois quartos do meu apartamento.

Para que tudo tão grande, hein?

Ele ao menos tem quem limpe isso tudo?

Deve ter, uma mansão desse tamanho não iria se limpar sozinha, santa inteligência!

Ouço sua risadinha logo atrás de mim.

Arrumo a bandeja sobre a cama e sento-me confortavelmente sobre ela, pego um pegado de torrada e passo um pouco de geleia, sirvo um copo de suco, estou prestes a dar a minha primeira mordida na torrada quando olho para cima e vejo Fernando parado ao lado da cama me olhando com cara de cachorro sem dono.

— O que foi? – Questiono ainda com a torrada na altura da boca.

— Não vai me oferecer? – Aponta para a minha comida.

— Setes meses juntos e ainda não descobriu que não divido comida, Fernando? – Ele ri, mas volta a ficar sério, quando fecho a cara.

— Não tomei café, fiquei preparando as coisas para você comer...

— Tá bom, tá bom, já entendi. Senta aí e arruma essa cara de cachorro pidão. Odeio comer com gente me olhando... – Reclamo finalmente apreciando minha comida e o engraçadinho rindo.

Como sempre.

(...)

O café da manhã ocorreu aos trancos e barrancos por motivos de: Fernando não me deixava comer em paz! Um tormento!

Além de comer minha comida ainda ficava mexendo com o que eu estava comendo.

Não dá.

Em seguida fiz ele levantar a bunda da minha cama absurdamente macia e aconchegante e descemos para o primeiro piso. Onde lavei as louças e ele as guardou, sobre os protestos dele para que deixasse na máquina de lavar louças. Sou dona de casa raiz.

O Recomeço [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora