7. F E R N A N D O.

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7.

Fernando.


Quando minha mãe falou sobre a nova secretária, eu não consegui não revirar os olhos. Todas as vezes era um verdadeiro tormento!

Irresponsáveis.

Vulgares.

Intrometidas.

E muitas achavam que eu iria ceder a elas e as tornarem donas de tudo. Um ledo engano. Sou vacinado contra esse tipo de mulher. A vida me ensinou muito bem e não pretendo cometer o mesmo erro duas vezes.

Quando me deparei logo cedo com aquela nova secretária tentando barrar minha entrada como se sua vida dependesse daquilo a minha primeira vontade foi de rir, ou melhor, gargalhar. E foi por bem pouco que eu não o fiz.

Luísa, como ela mesma se apresentou sem eu ter perguntado, é uma verdadeira comédia ambulante. A cara que a garota fez ao saber que eu era o chefe foi a melhor. Os olhos azuis arregalados e a boca entreaberta em um O, foi o ápice do meu dia.

Mas confesso que também fiquei espantado com a cara dissimulada que ela fez após eu ter aparecido do lado de fora, onde Janaina tinha a mão levantada para acertá-la e a criatura pequena e de aparência indefesa tinha os olhos ferozes e destemidos, já a espera do primeiro ataque, pronta para declarar legitima defesa. E quando apareci a jovem rapidamente foi para trás de sua mesa e destacou que eu é quem tinha dado as ordens que proibiam qualquer um de entrar, o que não era mentira. E assim ela conseguiu se safar de uma chamada de atenção minha.

Evitei fazer uma cena na frente dela e trouxe Janaina para dentro do meu escritório, dando-lhe uma bela chamada de atenção.

— Quem pensa que é para tentar agredir uma funcionária minha? – Indago escorado em minha mesa, cruzando os braços e encarando-a nervoso.

Janaina Lacerda desperta esse tipo de sentimento em mim.

E eu não gosto nada disso.

A morena a minha frente é cínica, dissimulada, esperta e astuta, características nas quais eu procuro manter bem longe de mim. Mas ao que parece minhas negativas não surtiram efeito nela. Ainda.

— Não posso acreditar que contratou aquela coisinha insignificante! – Declara, jogando-se sobre o meu sofá.

— Levante-se, não tenho tempo para as suas criancices, Janaina. Por favor saia e não ouse levantar a mão para mais ninguém dentro dessa empresa. Ou serei eu quem chamarei a polícia para você. Meus funcionários são pagos para trabalhar e não para serem alvos de suas impetuosidades.

Ela bufa e vem ao meu encontro.

— O que acha de sairmos mais tarde, hm?

Nego.

— Tenho muito serviço acumulado. Não esqueça de fechar a porta quando sair. – Repondo, colocando um ponto final em nossa conversa.

Agora, deitado em minha cama, revendo todo o meu dia, começo a ponderar prós e os contras de ter aceito Luísa como minha secretária e o que levou minha mãe a contratá-la.

Sinto que tem alguma coisa faltando aqui.

(...)

Luísa Garcia é completamente maluca, e isso eu não levei mais do que poucas horas em convivência diária com ela para descobrir. Dona de uma língua felina e atrevida, ela é como uma criança arteira, que vive sem medo de ser puxada a orelha. É faladeira e debochada, além de me fazer adorar as nossas trocas de farpas engraçadas, que eu mal consigo conter o riso.

O Recomeço [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora