Capítulo 3

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Em uma clareira verdejante no meio da floresta encantada, ficava um castelo majestoso. Suas paredes eram de diamantes e quando o sol a iluminava, vários arco-íris se formavam. Bobagem de quem pensou que os duendes fossem os responsáveis por essa beleza e idiotas aqueles que ainda acreditavam em potes de cheios de ouro. Duendes até têm vários potes assim, porém os conseguiam roubando dos tolos e inocentes que conseguiam cair em suas promessas, e através de dívidas altas a serem pagas na troca de sua magia do mal. Rumpelstiltskin ficava deveras satisfeito com tudo isso; as fadas não, afinal cabia a elas reverter na maioria dos casos essas situações.

Voltando ao castelo de diamante das fadas e seus arco-íris, em seu entorno ficavam as nascentes de todos os rios desse reino encantado, tais como as matrizes de todas as árvores dessa flora generosa que os cercava; os animais também davam seus primeiros suspiros em seus arredores para só depois explorarem para além do horizonte; alguns mais corajosos chegavam até as fronteiras escuras dos ogros – ninguém voltava de lá.

O interior do castelo fica complicado de descrever; por ser um local mágico, ele é mutável, ficando à mercê da necessidade das fadas, mais precisamente ao comando da Fada Azul, a reitora da escola de fadas, que se preparava para receber os alunos dessa temporada.

O que acontecia na escola de fadas? Muitas coisas, mas o principal era ajudar príncipes e princesas a se conectarem ao amor verdadeiro, afinal só ele vence o mal, e quando há amor verdadeiro, todos os outros problemas acabam sendo resolvidos.

Carruagens e mais carruagens paravam diante do grande portal de entrada do castelo. A luz do entorno cegava momentaneamente seus convidados; apenas quando chegavam ao pátio, já em seu interior, que seus olhos podiam identificar a magnitude daquele lugar mágico. Sentiam que seus pés flutuavam ao invés de andar e uma sensação de paz invadia seus corações.

Sorridentes, o trio de fadas mais atrapalhadas que respeitamos aguardavam a turma daquele período. Fauna, Flora e Primavera mal podiam esperar para guiar aqueles jovens aos seus destinos de amor verdadeiro.

Princesas e príncipes se encaravam com entusiasmo procurando identificar quais seriam os seus verdadeiros pares. E no meio de tudo isso, estavam Marabel e Hanelor, cada qual com suas caras amarradas e ares de desprezo que podiam ser sentidos por todos os seres mágicos que ali rondavam. Tinker Bell passaria rápido por eles e sentiria ondas de zonzeira pelo resto do dia, de tanto que a energia negativa que eles irradiavam lhe afetou. Tinker é uma fadinha bem sensível.

— Sejam bem-vindos, alunos do amor verdadeiro! — A grande Fada Azul os saudou.

Uma algazarra se instalou em resposta à fada, fazendo com que Hanelor e Marabel revirassem os olhos e colocassem as mãos sobre os ouvidos. Ambos preferiam estar mortos a estarem ali. Hanelor mais do que Marabel; ela já se contentava em sumir para o mundo real e não ter de se preocupar com casamentos, filhos ou animais de estimação. Era nesse momento que invejava as pessoas do mundo real, talvez ela fosse uma alma perdida nesse plano, tentando retornar ao outro. Um dia, quem sabe, ela encontraria esse portal que a levaria para o outro lado. Princesa Gisele tinha feito, se bem que Gisele acabou se casando com um mortal, não pensaria nisso em um primeiro momento, o foco era encontrar o portal.

— Silêncio!

A grande Fada Azul gritou aquela palavra. Interessante que vindo de outro ser daquele reino aquele grito poderia ter causado pânico generalizado, mas até mesmo o levantar da voz daquela fada tinha efeito oposto, acalmando a ansiedade de todos ali presentes.

— Muito bem. — Fada Azul seguiu com seu ar superior, mas que indicava carinho maternal. — Fauna e Flora irão levá-los aos seus aposentos e no final da tarde quero todos para o grande jantar de apresentação. Vejo que temos uma turma reduzida esse ano e também muito interessante.

As Fadas só Podem Estar de BrincadeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora