Capítulo 11

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O pássaro preto alçou voo, deixando algumas penas para trás. Fugia da ira do seu mestre, que não gostou nada das notícias que acabara de receber. O corvo contou com detalhes a saga de Hanelor em recuperar Marabel.

— Aquele duende maldito me enganou mais uma vez! — Abelar andava pela biblioteca de um lado para o outro. — Vou ter de fazer tudo sozinho se quiser ter o reino de Derek. — Abelar se encarou no espelho e teve uma epifania. — Não só o reino de Derek. Não! Isso é muito pouco. Vou conquistar todo o mundo encantado!

Abelar seguiu para uma das estantes de livros e acionou uma alavanca que ficava escondida em seu interior, abrindo uma porta secreta. Ela o levaria até o seu esconderijo, o local onde faz uso de magia negra.

Conforme ia descendo a escadaria em caracol, as tochas iam acendendo, e quando chegou no porão, já estava completamente iluminado. No centro de tudo havia uma grande mesa de pedra; sobre ela, um livro muito antigo de magia que lhe fora dado por Rumpelstinskin.

Abelar abriu e começou a proferir uma maldição de proteção sobre o castelo. Em instantes, todo o entorno estava tomado por espinheiros e os guardas reais se tornariam zumbis que só acatariam as ordens do seu mestre Abelar. A ordem que ecoava em suas mentes era para matar Hanelor e quem mais tentasse invadir o castelo. Certamente, se ainda estivesse viva, Malévola ficaria deveras satisfeita em ver um dos seus feitiços em pleno funcionamento.

Seguiu para os aposentos do seu irmão. Já não precisava mais esconder suas intenções, e o que ele desejava nesse momento era causar sofrimento e dor.

— Ele vai conseguir. — Derek disse deitado em seu leito, encarando com ódio seu irmão.

— Ele é um fraco, meu irmão! Aceite a derrota e me passe o trono!

— Não! Terás que me matar!

— Com muito prazer! — Abelar ficaria a centímetros do rosto do seu irmão enfermo. — E o farei diante de Hanelor. Matarei os dois um na frente do outro. — Abelar girou sua capa preta no ar, saindo do quarto de Derek e voltando-se para um dos guardas. — Ninguém entra nesse quarto.

O guarda sob o feitiço guardaria aquele aposento com a sua vida. Agora só restava a Abelar esperar e ele o faria sentado no trono de ouro de Derek.

Não muito distante dali, Hanelor e Marabel estavam bem perto dos limites da vila que margeava o castelo em que cresceu e passou a maior parte de sua vida. Hanelor quase nunca saíra dos limites dos altos muros, seu tio sempre se certificou disso. Praticamente não conhecia e também não era reconhecido pelos habitantes do seu próprio reino.

— Meu tio nunca permitiu que eu viesse até aqui, dizia que não era apropriado para um futuro rei.

— Sabe que ele estava errado.

— Sabia e mesmo assim permiti. Já não era fácil ser menosprezado pelos outros nobres, não suportaria ser pelos meus súditos.

— Sinto tanto por você, Hanelor. — Marabel lhe tocou no ombro. — Comigo não era muito diferente, não é fácil ter irmãs tão belas e graciosas e você ser a única que está fora do padrão. — Marabel apontou para seu corpo redondo. — Me tornei questionadora e meu pai detestava ter de ficar me dando explicações. Com o tempo acabei desistindo e me afastei deles, mas nunca deixei de explorar meu reino. De certa forma eu nunca seria rainha, afinal...

— Não quer se casar. — Hanelor responderia por ela com um sorriso tímido nos lábios.

— Esse era o plano. — Marabel bateu com seu quadril contra o dele, lhe jogando alguns centímetros para frente. — Te machuquei?

As Fadas só Podem Estar de BrincadeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora