Capítulo 1

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Era uma vez, em um reino muito distante, onde o céu é de um azul quase transparente, as árvores abundantes e verdinhas, as águas límpidas de tal forma que conseguimos ver os peixes; e os animais, ah, os animais... Esses são seres interessantes, alguns até cantam!

Nesse reino quase mágico de tão perfeito, vivia uma princesa que estava de boas com a vida, até que tocaram no assunto: casamento. Marabel nunca foi uma princesinha típica: graciosa e fofa. Também não era daquelas garotas guerreiras que saem em busca de aventuras matando seres selvagens e tampouco tinha afinidade com os animaizinhos fofos da floresta próxima do seu castelo. Seus cabelos eram até considerados bonitos, um tom de loiro puxado para o mel, era bem alta e, digamos, um pouco cheinha para os padrões principescos; seus olhos eram azulados. Ou seriam verdes? Bom, isso não importa, o que importa é que Marabel queria apenas que não lhes enchessem o saco.

De fato, isso estava acontecendo. Filha do meio. Aquele ser esquecido dentro de um castelo imenso rodeado pela Floresta Encantada. Aquela mesma da Bela Adormecida. A irmã mais velha de Marabel, a princesa Florebel, essa sim uma princesa lindíssima, dentro dos padrões, com aqueles cabelos impecáveis, dentes brancos e alinhados, corpo esbelto e amiga íntima de Aurora, com a qual compartilhava as mesmas afinidades com os animais encantados cantantes. Florebel conseguia conversar com eles.

Marabel sentia seu estômago embrulhar quando via as duas conversando sobre seus príncipes encantados, agora maridos. De certa forma, sentiu-se aliviada quando a irmã partiu para o seu próprio conto de fadas.

Há uma regra nos reinos, sobre casamentos. E para que a sua irmã mais jovem, a princesa Lindabel, outra bela e graciosa princesa de cabelos sedosos e dentes perfeitos, sem dizer no dom de se comunicar com os tais animaizinhos – Marabel não tinha o dom de atrair animais e sim de repeli-los –, possa vir a casar, a qual já tinha pretendente e que o pai, o grande Rei Seal, corria contra o tempo, pois os enamorados já andavam comendo o bolo antes da hora, ela teria que ser desposada. O rei sentia medo de a filha menor aparecer com um presente antecipado e dessa forma estava pressionando a filha do meio, que tanto deixou de lado, para que se cassasse e a paz voltasse para sua vida.

Porém, Rei Seal sabia que não seria uma tarefa simples. Marabel não era uma garota nada fácil. Temperamento forte e inconstante. No mesmo instante em que estava quase morrendo de gargalhar, já dava patadas em todos à sua volta. O rei não entendia de quem ela poderia ter herdado esse gênio. Sua esposa, a bela rainha Fedore, era tão doce que às vezes chegava a enjoar, mulher incapaz de uma briga sequer, sempre cedendo aos seus caprichos. O que o rei ignorava com maestria era que sua Marabel era sua cópia cuspida. A diferença é que ela era uma mulher e não podia ser dessa forma e isso deixava Marabel revoltada.

Para evitar discussões desnecessárias – na visão do rei –, Marabel era praticamente ignorada dentro do castelo e com o tempo ela aprendeu que não era tão ruim assim, afinal ninguém lhe incomodava. Desse modo, ela seguia tranquila lendo seus livros, assistindo aos duelos, tomando banho no riacho e comendo frutas do pé. Esse era o plano até seu pai cortar o feitiço.

— Não vou me casar! — Marabel respondeu serena, levando um pedaço de carne suculenta até a boca.

— Pai! — Lindabel suspirou alto com ar de revolta em direção ao rei na cabeceira da mesa de jantar.

— Marabel, minha filha... — A doce Fedore tomou a palavra, o que foi de grande alívio para seu esposo. — Todas as princesas precisam se casar...

— Por quê? — Marabel perguntou, ainda demonstrando indiferença. — Por que dessa obrigatoriedade? Mãe, isso é uma imposição muito ultrapassada, nem todas as princesas desejam se casar. Veja Mérida...

— Aquela moça é uma bárbara! — Rei Seal bradou, assustando a todos em sua mesa. — Você é minha filha e irá se casar, ponto final!

— Não irei não! – Marabel levanta da mesa e bate com as mãos sobre o móvel.

— Olha, menina, você não me teste, senão...

— Senão o quê? Vai me prender na torre igual à Rapunzel?

— Claro que não...

— Lógico que não, né, pai querido, me prender na torre não resolve seu problema com Lindabel que, vamos combinar, tá ficando feio já.

— Marabel! — Fedore olha para a filha com ar de repreensão.

Lindabel viu o olhar do seu pai e ficou constrangida, mas era muito complicado não resistir ao charme de Galante, irmão mais novo do príncipe Charmoso, hoje esposo de Branca de Neve. O Rei a olhava assim porque sua filha intempestiva do meio estava certa, aquela situação estava ficando constrangedora e comentários se alastravam por todos os reinos, até os mais distantes da Floresta Encantada.

— Marabel, vá para o seu quarto e arrume as suas coisas. — O rei a encarou com firmeza e abaixou seu tom de voz; Fedore, ao seu lado esquerdo, imaginou o que seu esposo faria. — Amanhã você parte para o colégio das fadas.

— Mas, pai...

— Isso não é uma negociação. É uma ordem e está decidido, você não escolheu seu príncipe, então as fadas o farão. Agora suba!

— Querido, ela não terminou o jantar.

— Ela não precisa de um jantar. Ela precisa de um príncipe!

xXx

Amores sejam bem-vindos de volta e aos novatos minhas beijokas! 

Quem já é meu leitor pode estranhar, mas deu a louca, a verdade é que há vozes na minha cabeça e esse pessoal serelepe tava me deixando completamente louca, então né bora trazer eles nosso mundo! Espero que gostem dessa minha versão um pouco mais humorada! 

As Fadas só Podem Estar de BrincadeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora