Uma semana se passara desde o confronto entre o amor verdadeiro e a obscuridade da inveja. E como vimos, o amor venceu – no mundo encantado ele sempre vence, já no mundo real... – e Abelar seria encarcerado nas masmorras do castelo que agora pertencia unicamente a Hanelor, o soberano daquele reino e que hoje seria coroado ao lado de sua rainha Marabel.
— Está tão linda, minha filha! — Fedora ajudava sua filha do meio a terminar de se arrumar para a grande celebração. Um belo vestido branco todo bordado com fios de ouro cobria seu corpo. — Sempre foi, mas agora tem um brilho a mais nesses olhos. Hanelor seria o culpado? — A rainha piscou para a filha diante do gigantesco espelho que um dia pertencera a Odette.
— Não! Hanelor é incrível, mas esse brilho no meu olhar é por mim!
— Claro que é por ela! E exclusivamente dela! — Florebel entrou nos aposentos da irmã e colocou em seu pescoço um colar. — Nossa, Marabel foi destemida e salvou nosso mundo, minha mãe!
— Estou tão orgulhosa de você, minha filha! — Fedora acrescentou e terminou de arrumar os cabelos de Marabel.
— Todos estamos.
A voz grave de Rei Seal invadiu aquele quarto, não mais como repreensão, dessa vez como acolhimento, algo que Marabel sempre procurou.
— Obrigado, minha filha, por nos salvar.
— Não precisa me agradecer. E não fiz tudo sozinha, tive muita ajuda. Até de Hanelor.
— Afinal, sem ele jamais teria como quebrar o feitiço. — Com timidez e muito envergonhada, Lindabel entrou no quarto, mal conseguindo esconder a barriga que crescia a cada dia.
— Sim, minha irmã. E você tem culpa nisso.
Marabel caminhou séria até a irmã, segurando com ternura em suas mãos. Intuitivamente ela sempre soube que Galante seria um completo idiota e que estava apenas se divertindo com sua irmãzinha. Rei Seal até tentou correr atrás do príncipe para que este reparasse seu erro com a sua caçula, mas ele havia sumido como mágica do mundo encantado.
Havia algumas possibilidades. Um acordo com o duende Rumpelstinskin, a passagem pelo portal do mundo real ou uma ida clandestina para a Terra do Nunca. Felizmente qualquer uma dessas opções seria catastrófica para o jovem traiçoeiro e por isso Rei Seal aquietou seu coração e abriu seus braços, confortando a filha desolada.
— Eu?
— Se não fosse você, nosso pai não teria me enviado para a escola das fadas e não teria encontrado meu amor verdadeiro. Então, querida irmã, o mundo encantado só pôde ser salvo porque você se apaixonou e não é sua culpa dele ser esse cafajeste. Gostaria que entendesse que caráter é algo particular, inerente da pessoa e não depende dos outros. Você acreditou no amor que ele encenou. E sinto tanto por não ter sido verdadeiro.
— Ah! Minha irmã! — Lindabel abraçou com carinho sua irmã do meio.
— Preparada, Marabel? — Rei Seal, enxugando as lágrimas diante daquela cena, estendeu a mão para sua filha.
— Estou!
Marabel, decidida, aceitou o gesto do pai e este a conduziu até o grande salão onde iria acontecer a coroação de Hanelor e Marabel como rei e rainha do reino.
As fadas haviam caprichado na decoração. Muitas flores, de diversas espécies e das mais variadas cores. O cheiro doce delas trazia paz e felicidade.
Todos os seres que estavam em paz no mundo encantado foram convidados e com muita alegria se aglomeravam. Sorrisos e risos. Era a festa que Derek sempre desejou ter com Odette ao seu lado e agora seu filho a desfrutaria.
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As Fadas só Podem Estar de Brincadeira
FantasíaQuem disse que é mágico, lindo e perfeito na terra dos contos de fadas não sabe de nada! A princesa Marabel só queria ficar de boas e o príncipe Hanelor só quer curtir seu mau humor pelos corredores de seus castelos, porém existem regras nessas terr...