Capítulo 6

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Em outras épocas, já um tanto distantes da que esses jovens príncipes e princesas estavam vivenciando, o grande jantar de apresentação entre esses esperançosos jovens em encontrarem seus amores verdadeiros era um dos momentos mais esperados na escola das fadas, só perdia para o baile final.

As fadas decoravam com esmero o salão de jantar, onde uma gigantesca mesa de cristal jazia posicionada no centro. Incontáveis cadeiras eram dispostas em cada lado dela, permitindo que os pretendentes ao amor verdadeiro ficassem de frente uns para os outros. Normalmente os corações já os guiavam até seus lugares, fazendo com que os pretendentes já se reconhecessem e assim quase que intuitivamente sentavam diante de seu escolhido, de forma que alguns casais já eram formados nesse primeiro contato. Babi acreditava tanto nessa verdade que, enquanto seguia fada Flora, pedia aos seres mágicos que lhe abençoassem seu destino.

Quando elas chegaram, lindas e graciosas – inclusive Marabel –, todas sem exceção não conseguiam disfarçar seu encantamento pela decoração. Os príncipes minutos antes também passaram pelo embasbacamento. Paradas no topo da escadaria de cristal, brilhantes, elas contemplaram.

Flutuavam no ar gotas de diversos tamanhos que guardavam em seu interior as velas responsáveis pela iluminação. Eram milhares, porém a maioria se concentrava sobre a mesa. Folhas verdes contrastavam com a transparência daquele lugar, dando cor e esperança. Elas desciam pelas colunas e formavam o caminho por onde as princesas deveriam passar.

Os príncipes em seus trajes de gala, onde os brasões de suas famílias ficavam evidentes, esperavam em posição de sentido as belas princesas passarem. Até Hanelor, que sempre se mostrou indiferente a esses rituais, mal disfarçou seu encantamento. Elas seguiram pelo caminho esquerdo, enquanto os príncipes se colocaram do lado direito.

As fadas observavam com atenção os lugares sendo tomados – apenas sete naquela gigantesca mesa de jantar que muitas vezes teve de dividir suas turmas em turnos. A Fada Azul sentia que sua intuição ainda estava intacta.

Bananéia ocupou o primeiro lugar e, à sua frente, nada que surpreendesse a superiora e reitora da escola das fadas. Esdron tomaria posse do primeiro assento.

E com ajuda dos pássaros, Bestilde, Ocidentina e Exupéria seguiram sua líder tal como do lado oposto, Merevel, Gigle e Ziuton respectivamente ocuparam os lugares diante delas.

Com um sorriso tímido, Generosa encarou o olhar de Bende e sentaram ao mesmo tempo. Algo dentro da Fada Azul a aqueceu. Talvez já tivéssemos o primeiro casal daquela turma. Mas ainda faltavam quatro indecisos. Babi, dispersa, não conseguia parar de admirar toda aquela beleza. A mesa diante dos seus olhos era o objeto mais lindo que havia visto em toda sua vida. Mesmo que só aquele pequeno pedaço em que estavam tenha sido adornado, ela não podia negar que aquelas flores de graciosidade ímpar em tons de azul indo para lilás faziam com que seus olhos brilhassem. E a louça escolhida pelas fadas! Babi segurava suas mãos nas costas com medo de quebrá-las. A cerâmica em um tom rosado tinha formato de flores e cada uma diferente, o que deixava aquele momento ainda mais especial; até os cálices eram imitações em cristais de copos de leite.

Babi sentou diante de Hanelor que, já cansado daquilo tudo, passou à frente de Precioso, que não conseguia tirar seus olhos da doce Babi. Sentia que estava enfeitiçado por aquela beleza ingênua. Marabel, sem muita graça, arrastou a sua cadeira e jogou seu corpo de qualquer jeito, completamente faminta e sem alternativa. Precioso ocupou o lugar que faltava.

— Boa noite, meus encantados!

Fada Azul se posicionou próxima à mesa com seu ar de bondade, transmitindo paz. Às suas costas estavam suas fiéis escudeiras Fauna, Flora e Primavera, enquanto as demais fadinhas sobrevoavam todo o salão.

As Fadas só Podem Estar de BrincadeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora