Capítulo 27 - Forjada em veneno

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Olá, como vocês estão? 


Naruto percebeu que havia algo estranho com Sasuke, mas não insistiu depois que ele negou duas vezes. Os machucados ainda estavam bem evidentes, e tinha uma sombra sobre os olhos de Sasuke que não conseguiu eliminar por completo ao deixá-lo na faculdade. Aproximou-se para beijá-lo antes que ele saísse do carro e sentiu a diferença quando foi Sasuke que pareceu iniciar e controlar o beijo. A mão em sua nuca era firme, a pressão em seus lábios dizia o quanto o outro parecia precisar dele naquele momento, e a forma tempestuosa com que o beijava dava-lhe uma pequena noção do caos interno que os olhos tanto deixavam à mostra.

Segurou-o, o rosto contra o seu enquanto respirava fundo em busca do fôlego roubado. Sorriu travesso e beijou a ponta do nariz de Sasuke, só para vê-lo ser afastar com uma expressão marrenta no rosto.

— Mas que merda...?

— Vai ficar tudo bem — garantiu, e Sasuke piscou confuso tentando entendê-lo. — Não pense muito nos problemas, vai ficar velho desse jeito. Cara emburrada você já tem, Teme.

— Escuta aqui, Dobe, vo-

A fala foi interrompida por outro beijo, e Sasuke conseguia sentir o sorriso de Naruto contra seus lábios à medida que o invadia e o fazia corresponder. Suspirou, entregue, a mão de Naruto, espalmada em suas costas, trazia conforto, a língua quente o seduzia, era tudo tão bom e tão acolhedor que percebeu que poderia deixar-se estar nos braços de Naruto por um bom tempo sem reclamar. Era como a música... o envolvia, trazia-lhe paz de certa forma, afastava os pensamentos e fazia seu coração acelerar de um jeito que já estava se habituando ao novo ritmo que Naruto lhe impunha.

— Você tem que ir — Naruto sussurrou contra sua boca, os olhos azuis fechados enquanto a língua passeava entre seus lábios.

— Tenho — respondeu.

E as palavras mostraram que não tinham força alguma porque, embora ditas, nenhum dos dois se moveu. Sasuke permitiu-se ficar, a proximidade de Naruto o acalmava, era como uma boia salva vidas no meio do oceano violento no qual acordado naquele dia. O corpo dele era quente, gostava disso, como um cobertor perfeito nos dias de chuva durante o inverno. Sentia o coração dele bater contra sua mão, e já havia notado que o ritmo nunca era igual, como se risse dele ao mostrar que nunca poderia decorá-lo. O perfume era... cítrico. Naquele dia, Naruto escolhera um cítrico, agradável, e pegou-se se perguntando se havia algum motivo especial para isso, mas se repreendeu e enfim se afastou ao dar-se conta de que já estava se habituando demais a Naruto para ter pensamentos desse tipo.

— Quer ficar lá em casa hoje? — Ouviu-o perguntar enquanto pegava a mochila para sair do carro.

— Não vai passar o dia com a sua mãe?

— Não. Meu pai disse que precisa conversar com ela sobre o que aconteceu. — Fez uma careta de desagrado. — E vamos almoçar amanhã para acertar os detalhes da cirurgia.

— Hm...

— Isso é um sim ou um vou pensar? — Naruto provocou, e Sasuke revirou os olhos ao sorrir de leve.

— É um talvez, Dobe. Eu mando mensagem mais tarde.

— Ok, então, vou esperar! — Ele sorriu animado, e Sasuke balançou a cabeça de forma incrédula ao sair do carro.

As pessoas notavam os machucados. Ignorou todas. Entrou na sala de aula com a cabeça erguida como sempre e os fones no ouvido embora não ouvisse música alguma. Percebeu o olhar curioso e analítico de Shikamaru e apenas balançou o celular sobre a mesa antes de digitar um pequeno, miserável até, resumo do que havia acontecido.

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